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Sífilis: um mal silencioso

SES promoveu seminário para debater o tema e alertar sobre a importância do tratamento que envolve também o homem

Das diversas doenças sexualmente transmissíveis, a sífilis é um capítulo que tem passado despercebido por muitos brasileiros e, com isso, sido diagnosticada tardiamente. Mediante essa realidade preocupante que atinge homens e mulheres, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) alerta para a importância do tratamento completo, ou seja, também realizado pelo parceiro. Estima-se que, de 79% das gestantes que realizaram o pré-natal, quase 90% dos companheiros não procuraram o diagnóstico e o tratamento correto. Para alertar sobre o assunto, a SES promoveu nesta sexta-feira (20/10), o Seminário Estadual sobre Sífilis Congênita.

– A SES vem dando apoio aos municípios para que o enfrentamento à doença seja completo, envolvendo homens e mulheres. O parceiro também deve fazer acompanhamento e desta forma prevenir um ciclo de reinfestação da sífilis. Precisamos debater esse tema e garantir que todas as unidades estejam preparadas para diagnosticar a doença e tratá-la de forma rápida e eficiente. O seminário tem o objetivo de integrar todos os atores envolvidos nesse desafio – ressaltou o secretário de Estado de Saúde, Luiz Antonio Teixeira Jr.

De 2013 a 2016, foram registrados 32.641 casos de sífilis em gestantes e congênita – aquela que é passada de mãe para filho. Muitos desses diagnósticos são feitos de forma tardia, o que pode causar graves sequelas, inclusive ao bebê. Cerca de 43,7% das mulheres só descobrem a doença no momento do parto, da curetagem (em casos de aborto) ou pós parto, de acordo com dados lançados pelos municípios no Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan).

– A sífilis vem aumentando muito nos últimos anos e isso mostra que a gente tem um verdadeiro desafio pela frente. Essa doença tem um impacto direto na saúde pública, além de uma mortalidade elevada. Vamos colocar isso como prioridade para a secretaria estadual de saúde e trabalhar em parceria com os municípios. Vamos juntos enfrentar esse problema – disse o subsecretário de Vigilância em Saúde da SES, Alexandre Chieppe.

Entre os anos de 2014 e 2015, os casos de sífilis adquirida aumentaram em 32,7%, em gestante 20,9% e congênita, 19%, de acordo com o boletim. Dos casos de sífilis adquirida, no mesmo período, os homens lideram os registros, chegando a 51,1% de casos a mais, em comparação às mulheres.

Segundo boletim divulgado pelo Ministério da Saúde no ano passado, apenas em 2015, observou-se uma taxa de incidência de 6,5 casos por mil nascidos vivos no Brasil. O Rio de Janeiro apresenta quase o dobro desse número, com 12,4 casos a cada mil nascidos vivos.

O cenário atual da doença no estado foi um dos temas de abertura da programação do evento, que ainda contou com discussão sobre as experiências e desafios do tratamento da doença, a fim de aprimorar os protocolos de combate à sífilis. Além de especialistas da Secretaria de Saúde do Estado, o seminário contou com representantes dos conselhos Regional de Enfermagem do Rio (Coren) e de Secretarias Municipais de Saúde do estado (Cosems), além de representante da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro.

– É fundamental que a gestante faça o teste de sífilis ainda durante o pré natal, para não correr o risco de sofrer um aborto espontâneo ou mesmo de o bebê nascer com alguma sequela, como distúrbio neurológico ou surdez, por exemplo – explica o superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da SES, Mário Sérgio Ribeiro.

Estágios da doença – A sífilis, transmitida pela bactéria treponema pallidum, pode ser adquirida em uma relação sexual desprotegida ou mesmo passada da mãe para o filho durante a gravidez e sua manifestação se dá basicamente, em três estágios. Em um primeiro momento, a doença se manifesta até o 90º dia após o contágio por meio de uma ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca ou outros locais da pele). Esta ferida não dói, não coça, não arde e não tem pus, podendo estar acompanhada de ínguas na virilha. Na sífilis secundária, após o surgimento da ferida inicial e a cicatrização espontânea, aparecem manchas no corpo, principalmente, nas palmas das mãos e plantas dos pés. No estágio mais avançado da sífilis, órgãos internos – incluindo cérebro, olhos, nervos, coração, vasos sanguíneos, fígado, ossos e articulações – podem ser danificados, mesmo após décadas da doença. Pode ocorrer, inclusive, dificuldade de coordenação dos movimentos musculares, paralisia, cegueira gradual, demência e até a morte.

O diagnóstico da sífilis é clínico, epidemiológico e laboratorial, que acontece através de um exame de sangue. A doença pode ser tratada no Sistema Único de Saúde através de injeções de Penicilina. Uma vez curada, a sífilis não pode reaparecer – a não ser que a pessoa seja reinfectada por alguém que esteja contaminado.

Sífilis congênita – Quando a doença é transmitida de mãe para filho durante a gestação, ela é denominada Sífilis Congênita. Em decorrência disso, podem surgir complicações como: aborto espontâneo, parto prematuro, má-formação do feto, surdez, cegueira, deficiência mental e/ou morte ao nascer. Isso reforça a importância da realização do pré-natal. Neste caso, se a gestante for detectada com a doença, poderá receber o tratamento corretamente, assim como o seu parceiro sexual, para evitar a reinfecção e transmissão no parto. A ausência de tratamento durante a gestação podem ocasionar sintomas na criança logo após o nascimento, durante ou após os primeiros dois anos de vida. O mais comum é surgirem os sinais logo nos primeiros meses.

FONTE: Governo do Estado do Rio de Janeiro
http://www.saude.rj.gov.br

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