Programação 14º Uranium Film Festival Rio 2025

Festival 2024 / Performance de Dança “Não é o Fim”. Turma Motirõ do Curso Técnico em Dança da Escola Técnica Estadual Adolpho Bloch FAETEC. Foto: N. Suchanek
14ª edição do International Uranium Film Festival
80 anos da Era Atômica na Cinemateca do MAM Rio
17 a 31 de maio de 2025

PROGRAMAÇÃO
Catálogo Download – Low Res Catálogo Download – High Res(link is external) Cartaz Download18 Maio DOMINGO
21 Maio QUARTA
22 min. Legendas em português.
22 Maio QUINTA
14h30 / Sessão escolar
Público alvo: Ensino Fundamental Anos Finais e Ensino Médio. Escolas públicas e privadas.
Estados Unidos, 2021, Diretores Greg Mitchell e Suzanne Mitchell, Documentário, 52 min, Inglês. Legendas em português.
Mediadora: Márcia Gomes de Oliveira, professora de Sociologia da FAETEC e fundadora do Uranium Film Festival.
18h30
23 Maio SEXTA
Portugal/Itália, 2024, Diretor Daniele Grosso, Animação, Documentário Experimental, 6 min, Inglês. Legendas em português.
24 Maio SÁBADO
25 Maio DOMINGO
28 Maio QUARTA
29 Maio QUINTA
Público alvo: Ensino Fundamental Anos Finais e Ensino Médio. Escolas públicas e privadas.
Japão/EUA, 1995, Diretor Chris Beaver, Documentário, 30 min, Inglês/Japonês. Legendas em português.Bate-papo com o público: Norbert G. Suchanek, jornalista, correspondente internacional, nascido na Alemanha, mora no Rio de Janeiro desde 2006. Idealizador e fundador do Uranium Film Festival.
Mediadora: Márcia Gomes de Oliveira, professora de Sociologia da FAETEC e fundadora do Uranium Film Festival.
30 Maio SEXTA
31 Maio SÁBADO
SOBRE OS FILMES (EM ORDEM ALFABÉTICA)
Address Unknown: Fukushima Now
Taiwan/Japão/EUA/Reino Unido, 2024, Diretor: Arif Khan, Produtor: Estela Valdivieso Chen, Adam Cullen Young, Jamie Lin, Keisuke Sekino, VR, Documentário, Inglês e Japonês, 25 min. Legendas em português.”Fukushima Now” é um documentário em Realidade Virtual que leva o público ao coração de Fukushima, para conhecer os sobreviventes que vivem atualmente na sombra da crise pós acidente nuclear. Usando tecnologia de captura volumétrica e fotogrametria, o projeto transporta os espectadores para uma experiência que explora o desastre e o impacto duradouro que ele teve nas comunidades e no meio ambiente. Como uma comunidade resiste, após o trauma, e relembra as memórias de seus lares, aos quais não podem mais retornar? Qual é o significado de lar, e como ele pode ser redefinido diante de um desastre nuclear?
EUA, 2023, Diretores: Michael Dwyer e Chuck Gomez, Produtor: Michael Dwyer, Documentário, Inglês, 20 min. Legendas em português.
Tomiko Morimoto West, aos 13 anos, observou do pátio da escola um B-29 voando baixo e lançando a bomba atômica em Hiroshima, no dia 6 de agosto de 1945. Aos quase 90 anos,Tomiko relata, com leveza e sabedoria, sua dor e morte dos entes queridos nessa hecatombe nuclear. Ela também nos dá preciosa dica de como ter uma vida boa e feliz: seja grato. Tenha gratidão pelo ar que respira, a cada manhã.
Atomic Cover-Up
EUA, 2021, Diretor: Greg Mitchell, Coprodutores Greg Mitchell e Suzanne Mitchell, Documentário, 52 min, legendas em inglês e português.
É o primeiro documentário a explorar os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki em 1945, a partir da perspectiva única da narrativa e imagens surpreendentes dos bravos cinegrafistas e diretores que arriscaram suas vidas filmando no rescaldo irradiado. O filme revela como essa filmagem histórica, criada por uma equipe de cinejornalista japonesa e depois por uma equipe de elite do Exército dos EUA (que filmou os únicos rolos coloridos), foi apreendida, classificada como ultrassecreta e depois arquivada por oficiais americanos por décadas, para esconder os custos humanos totais dos bombardeios, enquanto uma perigosa corrida armamentista nuclear se desenrolava. Qual foi o principal propósito de japoneses e americanos arriscarem suas próprias vidas para registrarem um dos momentos mais chocantes na História da humanidade? Por que essas imagens foram guardadas por tanto tempo? Quais são as consequências desse fato na atualidade?
Blowing in the Wind
Decommissioning a Dream
Situada na cidade fronteiriça lituana de Visaginas – uma antiga cidade soviética, criada para abrigar os trabalhadores, do que já foi uma das mais poderosas usinas nucleares do mundo e que garantiu independência energética para a Lituânia: a Usina Nuclear de Ignalina. Mas o fato de ter na Europa uma antiga usina nuclear soviética, do mesmo modelo RBMK de Chernobyl, tornou o seu descomissionamento uma condição central para a aceitação da Lituânia na União Europeia, em 2004.
A comunidade, em grande parte falante de russo, estava tranquila construindo o seu futuro, com o emprego garantido na usina. E agora? O documentário mostra o impacto do fechamento da usina sobre a população e o esforço financeiro e humano que envolve o necessário desmantelamento de toda e qualquer usina nuclear no mundo, a partir de 30 a 40 anos de existência. Esse é um aspecto vital da energia nuclear, frequentemente negligenciado e simplificado demais. “Somos como borboletas que flutuam por um dia e pensam que é para sempre.” Frase de Carl Sagan, citada na abertura do filme.
Demon Mineral
EUA, 2023, Diretora: Hadley Austin, Produtor: Nevo Shinaar. Diretor de fotografia: Yoni Goldstein, Impact Producer: Emma Robbins, Co-roteirista: Tommy Rock, Documentário, 95 min, Inglês, Navajo, Português LegendasDEMON MINERAL é um documentário sobre a vida no deserto radioativo da Reserva Indígena Navajo, no sudoeste dos Estados Unidos. Abrangendo uma paisagem perfurada por 523 minas de urânio, o filme acompanha um grupo de cientistas, engenheiros e ativistas indígenas que trabalham para garantir o espaço vital na Nação Navajo, após o legado da mineração de urânio em Diné Bikeyah – as terras sagradas dos Navajo. Água, ar, tradições e meios de subsistência foram ameaçados pela contaminação nas últimas quatro gerações. Alguns Diné/Navajo aderem aos princípios da seguinte história de origem: há um demônio que vive na terra. Ele está contente o suficiente e não incomodará ninguém a menos que seja perturbado, tendo sido colocado lá por um guerreiro formidável. O urânio, por milhões de anos, é talvez esse demônio tornado real. Troféu Uranium Film Festival 2024.
Hadley Austin é escritora, cineasta, fotógrafa, pesquisadora e produtora. Seu trabalho está enraizado na pesquisa histórica, justiça social e no mundo natural. Junto com Yoni Goldstein, criaram a Formidable Entities https://formidableentities.com/
Dr. Strangelove or: how I learned to stop worrying and love the bomb
Reino Unido/EUA, 1964, Direção: Stanley Kubrick, Elenco: Peter Sellers, George C. Scott, Sterling Hayden, Keenan Wynn, Slim Pickens e Tracy Reed, Ficção, 93 min, Inglês. Legendas em português.
“Dr. Fantástico” é uma paródia sobre o medo de uma guerra nuclear entre os Estados Unidos e a União Soviética, durante a Guerra Fria. Nesta edição do Uranium Film Festival marcada pelos 80 anos do início da Era Atômica, com as primeiras explosões nucleares em 1945, e pela crescente tensão entre as potências mundiais, não poderiamos deixar de exibir essa obra-prima, que nos convida a refletir de forma leve e irreverente, o maior de todos os perigos: a terceira guerra mundial como uma guerra atômica.
Em 1965, o filme recebeu quatro indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator para Peter Sellers. Também foi indicado a sete prêmios BAFTA Film Awards, vencendo Melhor Filme, Melhor Filme Britânico e Melhor Direção de Arte (Preto e Branco) e Prêmio ONU – filme que melhor representou seus princípios.
Half-Life
(Meia-Vida)
China, 2024, Diretor: Chonghu Li, Ficção, 15 min. Sem diálogo.
No Japão, em agosto de 2023, inúmeras substâncias nocivas são despejadas no mar junto com água contaminada nuclearmente. Um trabalhador da usina elétrica envolvido no processo de descarga, frequentemente enfrenta ostracismo e assédio violento daqueles ao seu redor. Incapaz de suportar a humilhação por mais tempo, ele decide acabar com tudo em casa. No entanto, quando ele acorda de seu sonho, ele percebe que na verdade é um funcionário do governo. Tudo o que aconteceu parecia apenas um sonho. Devido às ações irresponsáveis de descarga de resíduo nuclear pelas autoridades locais, uma onda de opinião pública se manifestou com pilhas de reclamações e materiais de protesto. Ele é forçado a trabalhar horas extras para “lidar” com essa opinião pública e tem trabalhado continuamente por vários dias. Assim que ele termina de “lidar” com a última reclamação e está prestes a ir para casa, um evento inesperado ocorre. Projeto de ficção desenvolvido na Beijing Film Academy.
Half-Life of Memory: America’s Forgotten Atomic Bomb Factory
(Meia-vida da memória: a esquecida fábrica de bombas atômicas dos Estados Unidos)
EUA, 2024, Diretor: Jeff Gipe, Produtor: Dan de Jesus, Documentário, 55 min. Legendas em português.
Os Estados Unidos fabricaram secretamente milhares de armas atômicas, nos subúrbios de Denver, deixando para trás um legado tóxico que persistirá por gerações. A usina de Rocky Flats produziu impressionantes 70.000 bombas atômicas, cada uma servindo como um “gatilho” para ogivas termonucleares. Escondidos pelo segredo do governo, os incêndios, vazamentos e despejo ilícito de resíduos nucleares da usina contaminaram a área de Denver com toxinas radioativas de longa duração. Um grande — e altamente visível — incêndio de plutônio desencadeou uma década de protestos em massa, culminando em uma incursão sem precedentes do FBI que acabou fechando a usina. Hoje, o legado radioativo de Rocky Flats continua a ameaçar a saúde pública, mas surpreendentemente poucas pessoas sabem que a usina existiu. Por meio de depoimentos poderosos e mídia de arquivo extraordinária, “Half-Life of Memory” expõe o passado sombrio e o impacto duradouro de Rocky Flats, estimulando uma reflexão crítica sobre as implicações do novo acúmulo de armas nucleares do país e da construção contínua de uma nova fábrica de “gatilho” de bombas atômicas. Website: https://halflifeofmemory.com
Jeff Gipe é um talentoso artista visual e cineasta, conhecido por obras que provocam a reflexão sobre as implicações de longo alcance do legado nuclear dos EUA. Sua profunda conexão com esse assunto advém de sua criação perto da usina nuclear de Rocky Flats, onde seu pai trabalhava.
In Our Hands
Nagasaki Journey 
(Jornada em Nagasaki)
JUDY IRVING é diretora executiva da Pelican Media e membro do Departamento de Documentários da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pelo Oscar. https://www.pelicanmedia.org
CHRISTOPHER BEAVER dedica-se à produção e direção de filmes, frequentemente chamados de “filmes ambientais”. Ele prefere descrever seu trabalho como “filmes sobre a experiência humana do mundo ao nosso redor”. https://cbfilms.net/
Judy e Chris também fizeram juntos o documentário “Dark Circle” (1983/1991) sobre armas nucleares e energia nuclear – vencedor do prêmio Emmy e Sundance Film Festival.
Nukemailing
Object 817
Quoth the Raven, Nevermore
Sand Storm. The Sahara of the Nuclear Tests

França, 2010, Diretor Larbi Benchiha, Produtor Farid Rezkallah, Documentário, Francês/Inglês, 56 min. Legendas em português.
Em 1960, no norte da Argélia, a guerra era galopante. Mas a 2000 km do campo de batalha, outro projeto estava surgindo de dentro das areias do Saara. Aos olhos do General De Gaulle, esse projeto seria mais importante do que a guerra em si. No Hoggar, oficiais e cientistas instalaram o primeiro centro francês de experimentação nuclear. Além desses cientistas e militares cujas carreiras já haviam atingido o auge, um contingente de soldados e a população local também foram chamados para contribuir com esse gigantesco projeto. No dia 13 de fevereiro de 1961, às 07h04, a França entrou para o clube das potências nucleares do mundo.
Este filme narra uma história que existiu e que ainda hoje continua a afetar a vida cotidiana das famílias, tanto na França quanto na Argélia. Ele abre espaço para soldados, oficiais militares e nômades tuaregues dizerem o incontável. Fazê-los viajar no tempo, através de fatos e lembranças, sonhos e mentiras, sentimentos e reflexões, cada um à sua maneira, de acordo com suas experiências pessoais. Eles descrevem o que viveram e viram em suas palavras, com a ajuda de suas memórias que sobreviveram e resistiram ao tempo e à erosão. Suas fotos, filmes, lembranças e vidas no Saara são elementos que ajudaram a dar um olhar em seu passado, que também é nosso. Eles nos ajudam a analisá-lo e reescrevê-lo.
Larbi Benchiha deixou a Argélia no final da década de 1970. Após uma curta estadia na Suíça, foi para Besançon, na
França. Seu foco principal nos últimos anos tem sido a indústria nuclear francesa e suas consequências: da mineração de urânio aos testes de bombas nucleares no Pacífico e no Norte da África. Seu filme “Bons Baisers de Moruroa” ganhou o
prêmio de Melhor Documentário de Longa-Metragem no Uranium Film Festival 2017.
Site: larbi.benchiha.chez.com
Seven Years of Winter
(Sete anos de inverno)
Alemanha/Dinamarca/Ucrânia, 2011/12, Diretor: Marcus Schwenzel, Ficção,22 min, Russo, Legendas em português.
Um menino de 7 anos é explorado, como catador de objetos de valor, na zona de exclusão de Chernobyl, para venda no mercado negro. Filmado em Chernobyl, esta ficção revela os efeitos devastadores do acidente nuclear até para quem nasceu décadas depois. Trailer: www.vimeo.com/57438142
Marcus Schwenzel estudou cinema em Praga e morou em Barcelona por anos. “Seven years of winter” foi o Melhor Curta-Metragem de Ficção do Uranium Film Festival 2015. Locação: Kiev, Pripyat (Chernobyl), Produtores: Jais Christensen e Hans Henrik Laier, Roteiro: Howard Hunt e Marcus Schwenzel, Diretor de Fotografia: Eduardo Ramirez Gonzales, Editor: Sebastian Prams, Som: Kahra Scott James, Elenco: Hannes Jaenicke, Roman Knizka, Sasha Savenkov, Tatyana Nesvidomenko e Nitin Sawhney, Produtora: PSB films, Line Producer: Alla Belaya e Tanya Altukhova, Produção Executiva: Bella Ryabushkina e Arnold Kremenchutsky, Agradecimento especial: Ukrainian Film Commission.
Taiwaste
Alemanha / Taiwan, 2022, Diretor: Patrik Thomas, Produtor: The Random Collective, Arthouse Docu-Fiction, Chinês, 25 min. Legendas em português.Como todos os países com usina nuclear, Taiwan enfrenta constantemente o problema de como lidar com seu lixo atômico. Após décadas de decisões governamentais controversas, surge uma nova solução para o armazenamento desse lixo, baseada na responsabilidade de cada cidadão. No final da década de 1970, o governo de Taiwan decidiu armazenar partes de seus resíduos nucleares na Ilha Orchid, a 65 km da costa sudeste de Taiwan, lar do povo Yami, que viveu por séculos como um povo indígena isolado. Enganado pelo governo, o chefe indígena assinou um contrato para construir uma “fábrica de conservas de peixe”, que acabou sendo um local de armazenamento de resíduos nucleares. Após mais de 30 anos de protestos do povo Yami, o governo aprovou uma nova decisão para resolver o problema da Ilha Orchid com uma nova estratégia de armazenamento descentralizada. O filme acompanha dois funcionários do governo em sua luta diária para redistribuir o lixo nuclear para todos os cidadãos taiwaneses. Ficção ou realidade?
Patrik Thomas é um artista e cineasta alemão/português. Seu trabalho explora formas híbridas de cinema, videoarte e performance, frequentemente com o princípio de uma abordagem de trabalho colaborativo. Ele aborda questões da realidade cotidiana, processos de trabalho, memórias e tecnologia. É bacharel em cinema/novas mídias e tem uma longa experiência de trabalho em ciência da computação. Website: https://patrikthomas.de
Tempest: Peter Roche and the Nuclear Uncanny
The Accelerator
(O Acelerador)
EUA, 2024, Diretor: Wendy Garrett, Produtor Executivo: David Raubach, Produtor: Matt Payne, Produtor de Linha: Tanya Ruby, Documentário, Inglês, 56 min. Legendas em Português.
Em 1942, os Estados Unidos criaram o Projeto Manhattan para desenvolver a primeira bomba atômica, com o Dr. Robert Wilson entre seus cientistas brilhantes. Desiludido com a destruição, ele foi pioneiro na Terapia de Prótons, em 1946, um tratamento inovador para o câncer usado em todo o mundo hoje. O filme examina a carreira notável do Dr. Robert Wilson, o mais jovem e um membro vital do Projeto Manhattan. Como um dos principais parceiros de Oppenheimer, o intelecto de Wilson foi fundamental para o sucesso do projeto, mas suas crenças pacifistas e as lutas morais que ele enfrentou em relação ao uso da energia atômica permaneceram em grande parte não ditas. Utilizando filmagens de arquivo e entrevistas em profundidade, este documentário traz à luz as complexidades da jornada moral de Wilson e enfatiza o custo humano do empreendimento científico mais destruidor da história. Site: https://theacceleratorfilm.com
Wendy Garrett atualmente mora em Tulsa, Oklahoma, onde escreve e produz filmes de ficção e não ficção. No verão de 2015, ela trabalhou com Francis Ford Coppola como diretora associada em seu projeto de cinema ao vivo, “Distant Vision”. Wendy é membro do Women in Film.
The Atomic Bowl: Football at Ground Zero and Nuclear Peril Today 
(Campeonato Atômico de Futebol Americano no Marco Zero e o perigo nuclear hoje)
EUA, 2025, Diretor Greg Mitchell, Documentário, Inglês, 52 min. Legendas em português.
The Conqueror: Hollywood Fallout
Você já ouviu falar sobre um filme de Hollywood que quase metade da equipe contraiu câncer? “The Conqueror: Hollywood Fallout” aborda a produção do épico filme “The Conqueror” (1956), intitulado no Brasil “Sangue de Bárbaro”, dirigido pelo ator e cineasta Dick Powell. John Wayne fazendo o papel de um Gengis Khan em yellowface (um branco disfarçado de asiático) não convenceu. A crítica, porém, seria o menor dos problemas para o elenco e equipe envolvida nas gravações. O filme foi rodado por 13 semanas no Parque Estadual de Snow Canyon, próximo a St.George, Utah, situado a apenas 220 km da Área de Testes de Nevada – local estabelecido para a realização de testes nucleares ao ar livre. Em 1953, 11 bombas atômicas já haviam sido detonadas, o pó radioativo – levado pelo vento – se precipitou justamente sobre o parque de Snow Canyon. A Comissão de Energia Atômica dos EUA garantiu que a área era segura. De volta à Hollywood, o cenário contou com 60 toneladas de areia contaminada trazidas de Snow Canyon.
Com o passar dos anos, o elenco e a equipe começaram a desenvolver câncer numa escala assustadora. 91 membros da equipe de 220 pessoas desenvolveram tumores malignos e 46 morreram.
Em 1980, Robert Pendleton, na época professor de Biologia da Universidade de Utah, classificou as mortes como uma epidemia. “Tem sido praticamente impossível provar a conexão entre a radiação e o câncer desenvolvidos em casos individuais. Mas em um grupo desse tamanho, você esperaria que apenas 30 casos de câncer fossem desenvolvidos. Com 91 casos, acho que o vínculo com a exposição no set de filmagens de The Conqueror deveria ser levado ao tribunal.” [The Conqueror: O filme que matou o elenco
“NINGUÉM JAMAIS PODE DIZER PORQUE UM INDIVÍDUO CONTRAI CÂNCER, MAS PODE ESTUDAR AS ESTATÍSTICAS” William Nunez
As filmagens aconteceram 9 meses após uma série de testes atômicos, dez vezes mais poderosos do que os lançados em Hiroshima e Nagasaki. Eles filmaram durante a temporada em que tempestades no deserto sopravam constantemente os ventos que chegavam da área dos testes atômicos, juntamente com centenas de cavalos galopando, levantando poeira radioativa. A região de St. George naquela época era bastante rural, então o fato das crianças terem taxas de leucemia 2,5 vezes maiores do que de outras crianças, mulheres terem taxas mais altas de câncer de tireoide e homens, na faixa dos 20 anos, com câncer de próstata, acima da média nacional, pode-se chegar a conclusões semelhantes.
William Nunez é um diretor premiado baseado em Nova York e na Espanha. Diretor da North End Pictures, a produtora que produziu grande parte de seu trabalho.
The Nuclear Chronicles: Cultivated Aftermath
EUA, 2024, Diretor e Produtor: Andrew Madl, Animação, Inglês, 8 min. Legendas em português.Um fazendeiro, no Novo México (Estados Unidos), aluga suas terras para o teste nuclear Trinity, encabeçado por Oppenheimer. O quarto principal da família é usado para a montagem do núcleo da bomba de plutônio, similar a bomba lançada em Nagasaki. As vaquinhas pastam ao pé dos restos da torre, construída para colocar a primeira bomba nuclear do mundo (bomba Gadget) e detoná-la, em 16 de julho de 1945. O solo arenoso foi vitrificado, criando um novo mineral no planeta, a trinitita. Ambientado em uma realidade alternativa, navegando entre fato e ficção, a animação retrata a interseção da tecnologia militar com a paisagem e seus habitantes.
The Man Who Saved The World
The Polygon (Le Polygone, un secret d’État)
França, 2023, Diretor: Cédric Picaud, Produtor: Vincent Gazaigne, Documentário, Francês/Inglês, 53 minutos. Legendas em português.Damien quer salvar sua aldeia de um feitiço. Na região de Champagne, localizada ao nordeste da França, cerca de 150 km de Paris, a França instalou secretamente um projeto bélico, chamado “Polígono”, em 1957. Engenheiros, vindos de Paris, criaram e administraram o projeto, usando as colinas para testar sistemas de detonação de bombas nucleares. Trabalhadores locais construíram e mantiveram o projeto secreto em silêncio absoluto. Dez anos após o fechamento do “Polígono”, o morador da região Damien quer saber o quanto o projeto poluiu o meio ambiente e envenenou as mentes.
The Time Machine
EUA, 1960, Diretor George Pal, Roteiro David Duncan, HG Wells, 103 min, Inglês. Legendas em Português.A bomba atômica foi prevista pelo britânico Herbert George Wells (1866-1946), em seu livro de ficção científica “A Máquina do Tempo”, publicado em 1895. O filme, de mesmo nome, foi baseado no livro e lançado em 1960, no auge da Guerra Fria. Ele conta a estória de um inventor que, na virada do século 19 para 20, constrói uma máquina que viaja para o futuro. Ele vai para 1917, 1940 e 1966, mas encontra o mundo em guerra nas três ocasiões. Esperançoso de um mundo melhor no futuro, viaja para o ano de 802.701, muito tempo após a guerra atômica. Chegando lá, ele descobre que os descendentes da humanidade se dividiram em duas espécies: os Eloi, passivos, infantis e vegetarianos, e os Morlocks, habitantes do subsolo, que se alimentam dos Eloi, como gado humano. O filme sugere que os Morloks são os descendentes de humanos, sobreviventes em abrigos, a uma devastadora guerra mundial. Enquanto os Eloi são provavelmente descendentes de sobreviventes da superfície.
The View from the Plane
Itália / Portugal, 2024, Diretor: Daniele Grosso, Animação, Inglês, 6 min. Legendas em português.Esta animação nos leva às alturas, embalados pela reflexão poética do filósofo Günther Anders (1902-1992), que embarcou para o Japão, para participar da 4ª Conferência Mundial Contra Bombas Atômicas e de Hidrogênio e pelo Desarmamento, em 1958. A experiência na conferência está registrada em seu livro “The Man on the Bridge: Diary from Hiroshima and Nagasaki”. Conhecido por ter formulado o conceito de “tempo do fim”, Günther Anders, cuja primeira esposa foi Hannah Arendt, tem traduzido no Brasil “Teses para a Era Atômica”, publicado pela SOPRO 87. Trailer: https://vimeo.com/903004229
Daniele Grosso é um cineasta italiano, morando em Lisboa. Ele trabalha principalmente em documentários, com foco em temas sociais, históricos e ambientais, mas também dirigiu vários curtas-metragens experimentais. Ele tem mestrado em Artes e Literatura, com tese sobre História do Cinema de Animação, e um outro mestrado em Pós-Produção de Vídeo.
Unless
Ways of Knowing: A Navajo Nuclear History
Documentário, inglês, 23 min. Legendas em português.O sudoeste americano é uma paisagem extensa e misteriosa que guarda um legado sombrio, como cenário da produção da primeira bomba nuclear do mundo. Mas este lugar guarda uma história mais profunda – por milênios, os navajos e outros povos indígenas mantiveram esta área sagrada e continuam a lutar pela sobrevivência de suas terras e cultura, apesar de décadas de trauma ambiental e comunitário. Aqui, contadores de histórias, acadêmicos, artistas e organizadores comunitários dedicaram suas vidas a um futuro que transcende a sombra da história nuclear. Esta é a história deles.
We Live Here
De 1949 a 1989, a União Soviética realizou 456 testes nucleares em superfície e no subsolo, no local de testes nucleares de Semipalatinsk, também conhecido como Polígono de Semey, no leste do Cazaquistão. O impacto total das explosões excede em 45.000 vezes o poder da bomba nuclear de Hiroshima.Os testes criaram grandes nuvens radioativas atingindo vilarejos da região, resultando em taxas altíssimas de câncer e outras doenças. A gota d’água foi nos dias 12 e 17 de fevereiro de 1989, quando material radioativo vazou da instalação subterrânea. Em 26 de fevereiro, Olzhas Suleimenov, poeta e candidato ao Congresso dos Deputados do Povo, interrompeu a leitura de sua poesia na televisão nacional para falar abertamente sobre os testes nucleares em Semipalatinsk. Assim nasceu o movimento social Nevada-Semipalatinsk, batizado de Nevada Semipalatinsk, em solidariedade a movimentos semelhantes nos Estados Unidos, que também lutam pelo fechamento do local de testes de Nevada.A maior manifestação documentada ocorreu em 6 de agosto de 1989, no 44º aniversário do lançamento da bomba nuclear em Hiroshima. Aproximadamente 50.000 pessoas se reuniram em Semipalatinsk, onde foi lida a declaração: “Nossa consciência está envenenada pelo medo do futuro. Temos medo de beber água, comer e dar à luz”. O movimento impulsionou o primeiro presidente cazaque, Nursultan Nazarbayev, assinar o decreto de fechamento do local de testes nucleares de Semipalatinsk, em 29 de agosto de 1991. O Cazaquistão, ex-URSS, foi uma potência nuclear em grande escala e o primeiro país a abandonar voluntariamente as armas nucleares.
Mais de 1,5 milhão de pessoas foram oficialmente reconhecidas como vítimas desses testes. O problema é que as vítimas de 3ª e 4ª gerações ainda não foram reconhecidas. Estações sanitárias e epidemiológica coletam cerca de 10 amostras por ano em toda a região. Mas fica a pergunta: quando os estudos forem concluídos, será tarde demais? “Nunca perca sua esperança. Esperança nos leva para um futuro melhor. Onde há vida, há esperança. Só o diabo não tem esperança.” Bolatbek, um dos protagonistas do filme.
Zhanana Kurmasheva é uma diretora cazaque com foco em produção de documentários. Ela é bacharel e mestre em direção de cinema pela Academia Nacional de Artes do Cazaquistão.
DECLARAÇÃO DA DIRETORA
Alguns lugares na Terra carregam um peso quase impossível de expressar em palavras. Viajei para vários lugares, mas em nenhum outro lugar senti o espectro de emoções que experimentei no local de testes de Semipalatinsk. A vasta estepe carrega uma estranha sensação de atemporalidade, como se estivesse presa em um loop onde as nuvens nunca se levantam completamente do horizonte. A radiação parece quase viva, uma força sinistra que se infiltra silenciosamente nas casas, atraindo as pessoas com uma atração invisível na calada da noite, como as sereias da mitologia grega.
Lembro-me de dirigir até o meio do local de teste. O pôr do sol naquele fim de tarde era de tirar o fôlego, seu brilho contrastando fortemente com as histórias de devastação ligadas a esta terra. Olhei para a terra e senti pena de tudo o que ela havia sofrido. Mas então, enquanto a luz pintava a estepe em tons de fogo, um pensamento me ocorreu: esta terra sobreviverá a todos nós. Ela sobreviveu a explosões, veneno e abandono. Ela perdura, inabalada pela arrogância humana, sua grandiosidade nos lembrando de nossa insignificância. Aquele momento me ajudou a entender por que as pessoas se recusam a partir. Para elas, este não é apenas o lar — é atameken (em cazaque, “pátria”), solo sagrado que testemunha sua história compartilhada. A terra lembra o que ela suportou e o que eles suportaram. Eles sofreram juntos e permanecem unidos pela resiliência mútua. Nenhum outro lugar poderia oferecer-lhes esse tipo de conexão.
Minha conexão com essa história é pessoal. Minha mãe, nascida perto da vila de Kainar, onde os testes nucleares deixaram sua marca, me alertava: “Não conte a ninguém de onde eu sou. Principalmente a futuros pretendentes. As pessoas pensam que somos doentes.” Esse estigma persegue o povo de Semipalatinsk por onde passa. Até hoje, os moradores locais falam da vergonha e do medo ligados às suas origens. O mundo os vê como danificados, marcados pela radiação que ainda assombra sua terra natal.
É por isso que eu não conseguia me livrar dessa história. Não se trata apenas da resiliência da terra; trata-se da resiliência — e da vulnerabilidade — das pessoas. Suas vidas se entrelaçam com as da estepe de maneiras profundamente humanas. Juntos, eles navegam pelas consequências da destruição, agarrando-se à esperança e à dignidade, apesar das cicatrizes que carregam.
Através deste filme, eu queria explorar as dualidades deste lugar e de seu povo: devastação e beleza, desespero e perseverança, silêncio e os ecos da vida. O lugar de testes nucleares de Semipalatinsk levanta questões que ressoam muito além de suas fronteiras: Como convivemos com as consequências de nossas ações? A vida pode perdurar onde a morte persiste? As respostas estão nos ventos sussurrantes da estepe, em suas cicatrizes e nas pessoas silenciosas e firmes que se recusam a partir — ou, pelo menos, ele contém as verdades que devemos confrontar se quisermos evitar repetir os erros do passado.
Uranium Film Festival é feito com a ajuda de pessoas conscientes como você!
Agradecemos a colaboração de qualquer quantia.