Blog

Programação 14º Uranium Film Festival Rio 2025

Festival 2024 / Performance de Dança “Não é o Fim”. Turma Motirõ do Curso Técnico em Dança da Escola Técnica Estadual Adolpho Bloch FAETEC. Foto: N. Suchanek

14ª edição do International Uranium Film Festival

80 anos da Era Atômica na Cinemateca do MAM Rio

17 a 31 de maio de 2025

O ano de 2025 marca o 80º aniversário da primeira explosão nuclear no Novo México (EUA) e a subsequente aniquilação nuclear de Hiroshima e Nagasaki, por duas bombas atômicas dos EUA, em 1945. Oitenta anos depois, a ameaça nuclear continua com mais de 12.000 armas nucleares mantidas por nove países. O 14º Uranium Film Festival lembra essa ameaça com filmes excepcionais sobre armas atômicas e riscos nucleares. 29 filmes de 17 países e uma exposição do Memorial da Paz de Hiroshima para marcar o 80º aniversário do bombardeio atômico de Hiroshima e Nagasaki.

Também temos o que comemorar: em outubro passado, o festival foi reconhecido como um dos  “25 festivais de cinema mais legais do mundo”, pela revista MovieMaker de Hollywood. Em março deste ano, os fundadores do festival, Márcia Gomes de Oliveira e Norbert Suchanek, receberam o prêmio Nuclear-Free Future, em Nova York. Este prêmio homenageia os heróis desconhecidos da Era Nuclear que trabalham para um mundo sem riscos nucleares.
 
Cinemateca do MAM Rio, 17 a 31 de maio de 2025
Entrada franca. Classificação indicativa 14 anos.
 

PROGRAMAÇÃO

Catálogo Download – Low Res
Catálogo Download – High Res(link is external)
Cartaz Download
29 filmes de 17 países
Alemanha, Áustria, Bélgica, Cazaquistão, China, Dinamarca, Estados Unidos, França, Guam, Itália, Japão, Nova Zelândia, Polônia, Portugal, Reino Unido, Taiwan e Ucrânia.Alemanha, Áustria, Bélgica, Cazaquistão, China, Dinamarca, Estados Unidos, França, Guam, Itália, Japão, Nova Zelândia, Polônia, Portugal, Reino Unido, Taiwan e Ucrânia.
Exposição do Memorial da Paz de Hiroshima para marcar o 80º aniversário do bombardeio atômico de Hiroshima e Nagasaki.
Exposição especial de pôsteres do Museu Memorial da Paz de Hiroshima, criada e doada ao Uranium Film Festival, pelas cidades de Hiroshima e Nagasaki, retrata o que realmente aconteceu sob as gigantescas nuvens em forma de cogumelo que escureceram os céus das duas cidades. Ao ver os pôsteres, os visitantes poderão se deparar com a realidade dos terríveis danos causados pelas armas nucleares e compreender o desejo mais acalentado dos hibakusha (sobreviventes da bombas atômicas): que ninguém mais sofra como eles.
17 Maio SÁBADO  Abertura 
16h
The Time Machine (A Máquina do Tempo)
EUA, 1960, Diretor George Pal, Roteiro David Duncan, H.G. Wells, 103 min, Inglês. Legendas em português.
18h10
In Our Hands (Em Nossas Mãos)
Itália/Reino Unido, 2024, Diretor Camillo Sancisi, Animação, 5 min, Inglês. Projeto estudantil da Aardman Academy Reino Unido. Legendas em português.
The Man Who Saved The World (O homem que salvou o mundo) 
Dinamarca, 2014, Diretor Peter Anthony. Docudrama com Kevin Costner, Robert De Niro, Matt Damon, Stanislav Petrov, Sergey Shnurov, entre outros. Produção Jakob Staberg, Statement Film, Christian Ditlev Bruun, WG Film & Stephen McEveety, 105 min. Russo, inglês. Legendas em português.

18 Maio DOMINGO 

17h
In Exile (No Exílio)
Estados Unidos, 2023, Diretor Nathan Fitch, Documentário, 12 min, Inglês/Marshallês. Legendas em português.
Le Polygone, un secret d’État (O Polígono, um segredo de Estado)
França, 2024, Diretor e Escritor Cédric Picaud, Produtor Vincent Gazaigne, Documentário, 53 min, Francês. Legendas em português.
18h30
The Nuclear Chronicles: Cultivated Aftermath (As Crônicas Nucleares: Consequências Premeditadas)
Estados Unidos, 2024, Diretor e Produtor Andrew Madl, Animação, 8 min, sem diálogo.
Unless (A menos que)
Polônia, 2025, Diretora Antonina Gotfrid, Animação, 6 min, sem diálogo.
Address Unknown: Fukushima Now (Endereço Desconhecido: Fukushima Agora)
Estados Unidos/Reino Unido, 2024, Diretor Arif Khan, Documentário, 25 min, Inglês/Japonês. Legendas em português.
Half-Life (Meia-Vida)
China, 2024, Diretor Chonghu Li, Ficção, 15 min, sem diálogo.

21 Maio QUARTA

18h30
Nukemailing. Inside Zaporizhzhia – A Nuclear Power Plant in the Midst of War (Mensagem Nuclear.  Dentro de Zaporizhzhia – Uma usina nuclear no meio da Guerra)
Ucrânia/ Áustria, Alemanha, Estados Unidos, 2024, Diretor Pavlo Cherepin, Documentário, 52 min, Inglês, Francês, Alemão, Ucraniano. Legendas em português.
Seven Years of Winter (Sete anos de inverno)
Alemanha/Dinamarca/Ucrânia, 2011, Diretor Marcus Schwenzel, Ficção com Hannes Jaenicke, Sasha Savenkov, Roman Knizka, Tatyana Nesvidomenko.
22 min. Legendas em português.

22 Maio QUINTA

14h30  /  Sessão escolar

Público alvo: Ensino Fundamental Anos Finais e Ensino Médio. Escolas públicas e privadas.

Atomic Cover-up (Acobertamento Atômico) 
Estados Unidos, 2021, Diretores Greg Mitchell e Suzanne Mitchell, Documentário, 52 min, Inglês. Legendas em português.
Bate-papo com o público: Norbert G. Suchanek, jornalista, correspondente internacional, nascido na Alemanha, mora no Rio de Janeiro desde 2006. Idealizador e fundador do Uranium Film Festival.
Mediadora: Márcia Gomes de Oliveira, professora de Sociologia da FAETEC e fundadora do Uranium Film Festival.

 

18h30

Object 817 (Objeto 817)
Bélgica, 2024, Diretora Olga Lucovnicova, Documentário, 21 min, Russo. Legendas em inglês e português.
The Accelerator (O Acelerador)
Estados Unidos, 2024, Diretora Wendy Garrett, Documentário, 56 min, Inglês. Legendas em português.

23 Maio SEXTA

18h30
Quoth the Raven, “Nevermore” (Disse o Corvo, “Nunca mais”)
Estados Unidos, 2025, Diretor Ari Beser e Regis Hirwa, Documentário, 6 min, Inglês/Japonês. Legendas em português.
The View from the Plane (Da Vista do Avião)
Portugal/Itália, 2024, Diretor Daniele Grosso, Animação, Documentário Experimental, 6 min, Inglês. Legendas em português.
Nagasaki Journey (Jornada em Nagasaki)
Japão/EUA, 1995, Diretores Chris Beaver e Judy Irving, Documentário, 30 min, Inglês/Japonês. Legendas em português.
Appreciation – A Survivor’s Story of Hiroshima (Gratidão – História de uma Sobrevivente de Hiroshima)
Estados Unidos, 2023, Diretor Michael Dwyer e Chuck Gomez, Documentário, 20 min, Inglês. Legendas em português.
Tempest: Peter Roche and the Nuclear Uncanny (Tempestade: Peter Roche e o Nuclear Uncanny)
Nova Zelândia, 2024, Diretora Bridget Sutherland, Documentário/Experimental, 9 min, Inglês. Legendas em português.

24 Maio SÁBADO

18h00
The Conqueror: Hollywood Fallout (Sangue de Bárbaro: Hollywood Fallout)
Reino Unido/Estados Unidos, 2023, Diretor William Nunez, Documentário, 116 min. Legendas em português.

25 Maio DOMINGO

17h
Blowing in the Wind (Soprando no Vento)
Nova Zelândia, 2024, Diretora Fiona Amundsen, Documentário/Experimental, 15 min, Inglês. Legendas em português.
Sand Storm. The Sahara of the nuclear tests (Tempestade de Areia. O Saara dos Testes Nucleares)
França, 2010, Diretor Larbi Benchiha, Produtor Farid Rezkallah, Documentário, 56 min, Francês/Inglês. Legendas em português.
18h30
Half-Life of Memory: America’s Forgotten Atomic Bomb Factory (Meia-Vida da Memória: A esquecida fábrica de bombas atômicas dos Estados Unidos)
Estados Unidos, 2024, Diretor Jeff Gipe, Documentário, 55 min, Inglês. Legendas em português.

28 Maio QUARTA

18h30
We Live Here (Vivemos aqui)
Cazaquistão, 2025, Diretora Zhanana Kurmasheva, Documentário, 80 min, Cazaque e Russo. Legendas em português.

29 Maio QUINTA

14h
Apresentação do Curso Técnico em Dança da Escola Técnica Estadual Adolpho Bloch FAETEC (80 anos das bombas sobre o Japão)
14h30  /  Sessão escolar

Público alvo: Ensino Fundamental Anos Finais e Ensino Médio. Escolas públicas e privadas.

Jornada em Nagasaki (Nagasaki Journey) 
Japão/EUA, 1995, Diretor Chris Beaver, Documentário, 30 min, Inglês/Japonês. Legendas em português.Bate-papo com o público: Norbert G. Suchanek, jornalista, correspondente internacional, nascido na Alemanha, mora no Rio de Janeiro desde 2006. Idealizador e fundador do Uranium Film Festival.
Mediadora: Márcia Gomes de Oliveira, professora de Sociologia da FAETEC e fundadora do Uranium Film Festival.
18h30
Dr. Strangelove or: how I learned to stop worrying and love the bomb (Dr. Fantástico ou: Como Aprendi a Parar de me Preocupar e Amar a Bomba)
Reino Unido/EUA, 1964, Direção Stanley Kubrick, Elenco Peter Sellers, ficção, 93 min, Inglês, Legendas em português.

30 Maio SEXTA

18h30
Ways of Knowing: A Navajo Nuclear History (Formas de saber: uma história nuclear do povo indígena Navajo)
Estados Unidos, 2024, Diretora Kayla Briët, Documentário, 23 min, Inglês. Legendas em português.
Demon Mineral (Minério do Demônio)
Estados Unidos, 2023, Diretora Hadley Austin, Produtor Nevo Shinaar, Câmera Yoni Goldstein, Impact Producer Emma Robbins, Co-Redator Tommy Rock, Documentário, 95 min, Inglês e Navajo. Legendas em português.

31 Maio SÁBADO

16h
Decommissioning a Dream (Descomissionando um Sonho)
Reino Unido, 2024, Diretores Laurie Griffiths e Jonty Tacon, Documentário, 25 min, Inglês/Russo. Legendas em português.
Taiwaste (Lixo Atômico de Taiwan)
Alemanha/Taiwan, 2022, Diretor Patrik Thomas, Fiction, 25 min, Chinês. Legendas em inglês e português.
17h30
The Atomic Bowl: Football at Ground Zero & Nuclear Peril Today (Campeonato Atômico: futebol americano no marco zero e o perigo nuclear hoje)
Estados Unidos, 2025, Director Greg Mitchell, Documentário, 52 min, Inglês. Legendas em português.
19h
Premiação
Após, festa com música & caipirinha Cachaça Magnífica de Faria gentilmente preparada por Armazém São Thiago.
Classificação 18 anos. Se beber, não dirija.

SOBRE OS FILMES (EM ORDEM ALFABÉTICA)

Address Unknown: Fukushima Now

(Endereço Desconhecido: Fukushima Agora)

Taiwan/Japão/EUA/Reino Unido, 2024, Diretor: Arif Khan, Produtor: Estela Valdivieso Chen, Adam Cullen Young, Jamie Lin, Keisuke Sekino, VR, Documentário, Inglês e Japonês, 25 min. Legendas em português.”Fukushima Now” é um documentário em Realidade Virtual que leva o público ao coração de Fukushima, para conhecer os sobreviventes que vivem atualmente na sombra da crise pós acidente nuclear. Usando tecnologia de captura volumétrica e fotogrametria, o projeto transporta os espectadores para uma experiência que explora o desastre e o impacto duradouro que ele teve nas comunidades e no meio ambiente. Como uma comunidade resiste, após o trauma, e relembra as memórias de seus lares, aos quais não podem mais retornar? Qual é o significado de lar, e como ele pode ser redefinido diante de um desastre nuclear?

(Gratidão – Uma história de uma sobrevivente de Hiroshima)

EUA, 2023, Diretores: Michael Dwyer e Chuck Gomez, Produtor: Michael Dwyer, Documentário, Inglês, 20 min. Legendas em português.

Tomiko Morimoto West, aos 13 anos, observou do pátio da escola um B-29 voando baixo e lançando a bomba atômica em Hiroshima, no dia 6 de agosto de 1945. Aos quase 90 anos,Tomiko relata, com leveza e sabedoria, sua dor e morte dos entes queridos  nessa hecatombe nuclear. Ela também nos dá preciosa dica de como ter uma vida boa e feliz: seja grato. Tenha gratidão pelo ar que respira, a cada manhã.

Com mestrado em Cinema e professor universitário em Nova York, Chuck Gomez se apresenta como um artista e diretor de fotografia negro com uma profunda paixão por contar histórias. Michael Dwyer estudou Cinema no Bard College e na SUNY Purchase. Trabalha como designer gráfico, mas seu coração está ligado à arte com uma missão e causa social por trás dela.Trailer: https://www.appreciationfilm.com/trailer

Atomic Cover-Up

(Acobertamento Atômico)

EUA, 2021, Diretor: Greg Mitchell, Coprodutores Greg Mitchell e Suzanne Mitchell, Documentário, 52 min, legendas em inglês e português.

É o primeiro documentário a explorar os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki em 1945, a partir da perspectiva única da narrativa e imagens surpreendentes dos bravos cinegrafistas e diretores que arriscaram suas vidas filmando no rescaldo irradiado. O filme revela como essa filmagem histórica, criada por uma equipe de cinejornalista japonesa e depois por uma equipe de elite do Exército dos EUA (que filmou os únicos rolos coloridos), foi apreendida, classificada como ultrassecreta e depois arquivada por oficiais americanos por décadas, para esconder os custos humanos totais dos bombardeios, enquanto uma perigosa corrida armamentista nuclear se desenrolava. Qual foi o principal propósito de japoneses e americanos arriscarem suas próprias vidas para registrarem um dos momentos mais chocantes na História da humanidade? Por que essas imagens foram guardadas por tanto tempo? Quais são as consequências desse fato na atualidade?

Blowing in the Wind

(Soprando no Vento)
Nova Zelândia, 2024, Diretora/Produtora: Fiona Amundsen, Produtora: Sylvia Frain, Documentário, Inglês, 15 min. Legendas em português.
‘Blowing in the Wind’ explora os esforços atuais de ativistas para alterar  a “Lei de Compensação de Exposição à Radiação” e incluir Guåhan (Guam) como uma jurisdição de ‘downwinders’ (pessoas expostas aos ventos radioativos) resultantes de testes nucleares americanos nas Ilhas Marshall, no Pacífico. O foco principal do filme é o veterano militar Robert Celestial, que fundou e lidera o grupo “Associação dos Sobreviventes da Radiação no Pacífico”, com sede em Guåhan. Este grupo defende o reconhecimento da população de Guåhan como um ‘downwinder’ desde 2004. O filme usa filmagens atuais e filmagens de arquivo, incluindo um filme informativo da Defesa Civil sobre os perigos da precipitação radioativa, juntamente com filmagens de duas viagens de pesquisa para Atol de Bikini, da Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos e da Universidade de Washington (Laboratório de Biologia da Radiação), bem como uma documentação da Força Aérea dos EUA sobre testes nas Ilhas Marshall. As filmagens funcionam para corroborar as experiências da população local, ao mesmo tempo em que fazem alusão ao fato do conhecimento científico ser privilegiado sobre a vida humana. As filmagens atuais incluem imagens abstratas de quimioluminescência (um processo científico usado em testes de DNA) e luzes piscantes. Essas imagens criam um tipo de contemplação reflexiva e também sugerem o envenenamento invisível que é a radiação ionizante. Também privilegia a opacidade e a invisibilidade, o que significa que a visualidade não é necessariamente obviamente “nuclear”. Como tal, o foco central deste filme diz respeito ao questionamento de como retratar socioeticamente e testemunhar as realidades do que significa viver em terras e oceanos contaminados por precipitação nuclear. Há um foco na justiça transgeracional em relação à história dos testes nucleares dos EUA no Pacífico e à busca contínua pela reparação nuclear.
Fiona Amundsen é artista e escritora da Nova Zelândia e expõe em toda a região da Ásia-Pacífico. Suas obras de arte focam na responsabilidade social e na ética da criação de imagens fotofílmicas.

Decommissioning a Dream

(Descomissionando um Sonho)
Reino Unido, 2024, Dirigido, editado e produzido por Laurie Griffiths e Jonty Tacon, Trilha sonora original Luke Thomas, Orientadora acadêmica Leila Dawney, Documentário, Inglês, 25 min. Legendas em português.

Situada na cidade fronteiriça lituana de Visaginas – uma antiga cidade soviética, criada para abrigar os trabalhadores, do que já foi uma das mais poderosas usinas nucleares do mundo e que garantiu independência energética para a Lituânia: a Usina Nuclear de Ignalina. Mas o fato de ter na Europa uma antiga usina nuclear soviética, do mesmo modelo RBMK de Chernobyl, tornou o seu descomissionamento uma condição central para a aceitação da Lituânia na União Europeia, em 2004.

A comunidade, em grande parte falante de russo, estava tranquila construindo o seu futuro, com o emprego garantido na usina. E agora? O documentário mostra o impacto do fechamento da usina sobre a população e o esforço financeiro e humano que envolve o necessário desmantelamento de toda e qualquer usina nuclear no mundo, a partir de 30 a 40 anos de existência. Esse é um aspecto vital da energia nuclear, frequentemente negligenciado e simplificado demais. “Somos como borboletas que flutuam por um dia e pensam que é para sempre.” Frase de Carl Sagan, citada na abertura do filme.

A produtora „Griffiths e Tacon“ é uma colaboração entre os fotógrafos britânicos Laurie Griffiths e Jonty Tacon. Compartilhando um interesse comum pela exploração fotográfica de pessoas e lugares, seus trabalhos individuais tornaramse uma fonte de inspiração mútua. Quando surgiu a oportunidade de produzir um projeto na cidade fronteiriça de Visaginas, Griffiths e Tacon decidiram experimentar trabalhar juntos.

Demon Mineral

(Minério do Demônio)

EUA, 2023, Diretora: Hadley Austin, Produtor: Nevo Shinaar. Diretor de fotografia: Yoni Goldstein, Impact Producer: Emma Robbins, Co-roteirista: Tommy Rock, Documentário, 95 min, Inglês, Navajo, Português LegendasDEMON MINERAL é um documentário sobre a vida no deserto radioativo da Reserva Indígena Navajo, no sudoeste dos Estados Unidos. Abrangendo uma paisagem perfurada por 523 minas de urânio, o filme acompanha um grupo de cientistas, engenheiros e ativistas indígenas que trabalham para garantir o espaço vital na Nação Navajo, após o legado da mineração de urânio em Diné Bikeyah – as terras sagradas dos Navajo. Água, ar, tradições e meios de subsistência foram ameaçados pela contaminação nas últimas quatro gerações. Alguns Diné/Navajo aderem aos princípios da seguinte história de origem: há um demônio que vive na terra. Ele está contente o suficiente e não incomodará ninguém a menos que seja perturbado, tendo sido colocado lá por um guerreiro formidável. O urânio, por milhões de anos, é talvez esse demônio tornado real. Troféu Uranium Film Festival 2024.

Hadley Austin é escritora, cineasta, fotógrafa, pesquisadora e produtora. Seu trabalho está enraizado na pesquisa histórica, justiça social e no mundo natural. Junto com Yoni Goldstein, criaram a Formidable Entities https://formidableentities.com/

Dr. Strangelove or: how I learned to stop worrying and love the bomb

(Dr. Fantástico ou Como Aprendi a Parar de Me Preocupar e Amar a Bomba)

Reino Unido/EUA, 1964, Direção: Stanley Kubrick, Elenco: Peter Sellers, George C. Scott, Sterling Hayden, Keenan Wynn, Slim Pickens e Tracy Reed, Ficção, 93 min, Inglês. Legendas em português.

“Dr. Fantástico” é uma paródia sobre o medo de uma guerra nuclear entre os Estados Unidos e a União Soviética, durante a Guerra Fria. Nesta edição do Uranium Film Festival marcada pelos 80 anos do início da Era Atômica, com as primeiras explosões nucleares em 1945, e pela crescente tensão entre as potências mundiais, não poderiamos deixar de exibir essa obra-prima, que nos convida a refletir de forma leve e irreverente, o maior de todos os perigos: a terceira guerra mundial como uma guerra atômica.

Em 1965, o filme recebeu quatro indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator para Peter Sellers. Também foi indicado a sete prêmios BAFTA Film Awards, vencendo Melhor Filme, Melhor Filme Britânico e Melhor Direção de Arte (Preto e Branco) e Prêmio ONU – filme que melhor representou seus princípios.

Half-Life

(Meia-Vida)

China, 2024, Diretor: Chonghu Li, Ficção, 15 min. Sem diálogo.

No Japão, em agosto de 2023, inúmeras substâncias nocivas são despejadas no mar junto com água contaminada nuclearmente. Um trabalhador da usina elétrica envolvido no processo de descarga, frequentemente enfrenta ostracismo e assédio violento daqueles ao seu redor. Incapaz de suportar a humilhação por mais tempo, ele decide acabar com tudo em casa. No entanto, quando ele acorda de seu sonho, ele percebe que na verdade é um funcionário do governo. Tudo o que aconteceu parecia apenas um sonho. Devido às ações irresponsáveis ​​de descarga de resíduo nuclear pelas autoridades locais, uma onda de opinião pública se manifestou com pilhas de reclamações e materiais de protesto. Ele é forçado a trabalhar horas extras para “lidar” com essa opinião pública e tem trabalhado continuamente por vários dias. Assim que ele termina de “lidar” com a última reclamação e está prestes a ir para casa, um evento inesperado ocorre. Projeto de ficção desenvolvido na Beijing Film Academy.

Nascido em Pequim, Chonghu Li é diretor de jogos de animação online. Atualmente, faz graduação em Direção, na Academia de Cinema de Pequim.

Half-Life of Memory: America’s Forgotten Atomic Bomb Factory

(Meia-vida da memória: a esquecida fábrica de bombas atômicas dos Estados Unidos)

EUA, 2024, Diretor: Jeff Gipe, Produtor: Dan de Jesus, Documentário, 55 min. Legendas em português.

Os Estados Unidos fabricaram secretamente milhares de armas atômicas, nos subúrbios de Denver, deixando para trás um legado tóxico que persistirá por gerações. A usina de Rocky Flats produziu impressionantes 70.000 bombas atômicas, cada uma servindo como um “gatilho” para ogivas termonucleares. Escondidos pelo segredo do governo, os incêndios, vazamentos e despejo ilícito de resíduos nucleares da usina contaminaram a área de Denver com toxinas radioativas de longa duração. Um grande — e altamente visível — incêndio de plutônio desencadeou uma década de protestos em massa, culminando em uma incursão sem precedentes do FBI que acabou fechando a usina. Hoje, o legado radioativo de Rocky Flats continua a ameaçar a saúde pública, mas surpreendentemente poucas pessoas sabem que a usina existiu. Por meio de depoimentos poderosos e mídia de arquivo extraordinária, “Half-Life of Memory” expõe o passado sombrio e o impacto duradouro de Rocky Flats, estimulando uma reflexão crítica sobre as implicações do novo acúmulo de armas nucleares do país e da construção contínua de uma nova fábrica de “gatilho” de bombas atômicas. Website: https://halflifeofmemory.com 

Jeff Gipe é um talentoso artista visual e cineasta, conhecido por obras que provocam a reflexão sobre as implicações de longo alcance do legado nuclear dos EUA. Sua profunda conexão com esse assunto advém de sua criação perto da usina nuclear de Rocky Flats, onde seu pai trabalhava.

(No Exílio)
EUA, 2023, Diretor: Nathan Fitch, Produtor: Angela Edward, Documentário, Inglês, 12 min. Legendas em português.
Os Estados Unidos realizaram uma série de testes nucleares no paradisíaco Atol de Bikini, situado nas Ilhas Marshall, Oceano Pacífico. Durante a “Operação Encruzilhada” (Operation Crossroads), iniciada em 1946, enviados do governo norte-americano disseram aos habitantes que suas ilhas eram essenciais para o bem da humanidade. Em uma cena altamente coreografada e registrada por uma série de câmeras, os ilhéus começam o processo de deixar seus lares para um exílio que já dura 77 anos. Suas ilhas foram vaporizadas, suas águas envenenadas e seus corpos usados como cobaias pelo governo norte-americano. O filme encapsula essa história complexa no “Dia da Memória Nuclear”. Todos os anos, os marshalleses exilados em Arkansas (EUA), se reúnem nesse evento que trata de uma parte frequentemente esquecida da história americana.
Nathan Fitch é cineasta e professor na The New School University. Membro do Brooklyn Filmmakers Collective, os filmes premiados de Nathan foram publicados pelo The New York Times Op Docs, revista TIME, The New Yorker, PBS e NPR, para citar alguns. Website: https://www.nathan-fitch.com/

In Our Hands

(Em nossas mãos)
Itália, 2024, Diretor: Camillo Sancisi, Animação, Inglês, 5 min, Legendas em português.
Em 1983, um tenente em uma base de alerta recebe um alarme do sistema de defesa por satélite. Cinco ogivas nucleares são direcionadas para seu território. O ataque é inesperado, mas os dados parecem confiáveis. O protocolo é claro: ele deve iniciar uma retaliação mortal. Baseado em uma história real.
Camillo Sancisi nasceu em Milão, Itália, em 1996. Após se formar em direção “liveaction” pelo Centro Sperimentale di Cinematografia, em Roma, aprendeu sozinho animação “stopmotion” e começou a criar pequenos “loops”, curtas-metragens e vídeos encomendados. Estudou na Aardman Academy, em Bristol, Reino Unido, onde realizou seu curta “In Our Hands”.

Nagasaki Journey

(Jornada em Nagasaki)

Japão/EUA, 1995, Diretores Chris Beaver e Judy Irving, Documentário, Inglês/Japonês, 30 min. Legendas em português.
“Nagasaki Journey” é um olhar poderoso e esperançoso, sobre as consequências imediatas e contínuas da bomba atômica lançada em Nagasaki, em 9 de agosto de 1945. O filme conta as histórias comoventes de dois sobreviventes japoneses e de um fuzileiro naval dos EUA que foi membro de uma das primeiras tropas americanas a ocupar a cidade, após a rendição japonesa. Todos os três revelam como o impacto desta única bomba transformou para sempre suas vidas e seus pensamentos. O filme foi realizado durante o 50º aniversário da explosão atômica. E, agora, que chegamos aos 80 anos da era atômica, a paz mundial continua garantida?

JUDY IRVING é diretora executiva da Pelican Media e membro do Departamento de Documentários da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pelo Oscar. https://www.pelicanmedia.org

CHRISTOPHER BEAVER dedica-se à produção e direção de filmes, frequentemente chamados de “filmes ambientais”. Ele prefere descrever seu trabalho como “filmes sobre a experiência humana do mundo ao nosso redor”. https://cbfilms.net/

Judy e Chris também fizeram juntos o documentário “Dark Circle” (1983/1991) sobre armas nucleares e energia nuclear – vencedor do prêmio Emmy e Sundance Film Festival.

Nukemailing

(Mensagem Nuclear)
Ucrânia,/Alemanha, 2024, Diretor: Pavlo Cherepin, Produtor: Egor Olesov, Antje Boehmert, Katerina Mizina, Documentário, Inglês, Francês, Alemão, Ucraniano, 52 min. Legendas em português.
O documentário acompanha três funcionários de usinas nucleares ucranianas e conta as consequências da ocupação russa. Para o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Grossi, as condições sob as quais a equipe tem que trabalhar são a maior causa de preocupação. Trabalhar no filme evocou memórias pessoais para o diretor Pavlo Cherepin, que aprendeu cedo a palavra “evacuação”, quando criança, após o acidente do reator de Chornobyl.
Pavlo Cherepin é jornalista, produtor, documentarista e criador de conteúdo com mais de 20 anos de experiência. Ele é conhecido por seus documentários militares e esportivos, reality shows e filmes educacionais interativos.

Object 817

(Objeto 817)
Bélgica, 2024, Diretora Olga Lucovnicova, Documentário, 21 min, Russo com legendas em inglês e português.
Moradores de uma vila isolada nos Urais falam sobre o primeiro acidente nuclear da União Soviética. Aconteceu em 1957, mas foi abafado, porque a usina nuclear era uma usina de produção de reprocessamento de plutônio para armas atômicas. Assim, os moradores, vivendo em terras radioativas, tornaram-se prisioneiros do segredo governamental.
O silêncio coletivo criou muitas fantasias, como a de um feto humano mutante que se tornou uma lenda sobre um alienígena, à qual os moradores ergueram um monumento. O filme transcende um momento histórico obscuro, tornando-se uma parábola pós-apocalíptica que nos permite refletir sobre a dura realidade do nosso presente. Première no Sundance Film Festival 2024.
Olga Lucovnicova (Moldávia, 1991) é uma premiada documentarista e pesquisadora na área de artes audiovisuais, atualmente baseada na Bélgica. Ela é vencedora do Urso de Ouro no 71º Festival Internacional de Cinema de Berlim, do 35º Prêmio da Academia Europeia de Cinema e muitos outros. Como cineasta, Olga está particularmente interessada em histórias que podem gerar mudanças sociais e criar uma plataforma para discussão. Website: https://www.whilewerehere.be/films/object-817

Quoth the Raven, Nevermore

(Disse o Corvo, Nunca Mais)
EUA, 2025, Diretores:  Ari Beser, Ari Beser, Regis Hirwa, Documentário, Inglês, Japonês, 8 min. Legendas em português.
Jacob Beser foi o único homem a bordo dos dois aviões que lançaram as bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki. Seu neto, Ari Beser, reflete sobre a justificativa da missão de seu avô, enquanto começa a escrever seu último artigo para o jornal japonês Asahi Shimbun (afiliado do New York Times). O que ele realmente pensa sobre a missão que muitos dizem ter encerrado a guerra?
Ari Beser é o fundador e chefe da Goss Grove Films – uma incubadora global de histórias focada em cineastas da próxima geração. Ari Beser está baseado em Kigali, Ruanda, produzindo e codirigindo um documentário sobre jovens que estão chegando à maioridade em uma sociedade pós-genocídio e que estão escrevendo uma história inteiramente nova. Ele passou mais de 10 anos trabalhando com sobreviventes da bomba atômica para herdar e transmitir seus testemunhos. Foto: Jacob Beser, avó do cineasta Ari Besser, em frente ao avião que ele pilotou para lançar a bomba atômica em Hiroshima.

Sand Storm. The Sahara of the Nuclear Tests

qrf

(Tempestade de areia. O Saara dos testes nucleares)

França, 2010, Diretor Larbi Benchiha, Produtor Farid Rezkallah, Documentário, Francês/Inglês, 56 min. Legendas em português.

Em 1960, no norte da Argélia, a guerra era galopante. Mas a 2000 km do campo de batalha, outro projeto estava surgindo de dentro das areias do Saara. Aos olhos do General De Gaulle, esse projeto seria mais importante do que a guerra em si. No Hoggar, oficiais e cientistas instalaram o primeiro centro francês de experimentação nuclear. Além desses cientistas e militares cujas carreiras já haviam atingido o auge, um contingente de soldados e a população local também foram chamados para contribuir com esse gigantesco projeto. No dia 13 de fevereiro de 1961, às 07h04, a França entrou para o clube das potências nucleares do mundo.

Este filme narra uma história que existiu e que ainda hoje continua a afetar a vida cotidiana das famílias, tanto na França quanto na Argélia. Ele abre espaço para soldados, oficiais militares e nômades tuaregues dizerem o incontável. Fazê-los viajar no tempo, através de fatos e lembranças, sonhos e mentiras, sentimentos e reflexões, cada um à sua maneira, de acordo com suas experiências pessoais. Eles descrevem o que viveram e viram em suas palavras, com a ajuda de suas memórias que sobreviveram e resistiram ao tempo e à erosão. Suas fotos, filmes, lembranças e vidas no Saara são elementos que ajudaram a dar um olhar em seu passado, que também é nosso. Eles nos ajudam a analisá-lo e reescrevê-lo.

Larbi Benchiha deixou a Argélia no final da década de 1970. Após uma curta estadia na Suíça, foi para Besançon, na
França. Seu foco principal nos últimos anos tem sido a indústria nuclear francesa e suas consequências: da mineração de urânio aos testes de bombas nucleares no Pacífico e no Norte da África. Seu filme “Bons Baisers de Moruroa” ganhou o
prêmio de Melhor Documentário de Longa-Metragem no Uranium Film Festival 2017.

Site: larbi.benchiha.chez.com

Seven Years of Winter

(Sete anos de inverno)

Alemanha/Dinamarca/Ucrânia, 2011/12, Diretor: Marcus Schwenzel, Ficção,22 min, Russo, Legendas em português.

Um menino de 7 anos é explorado, como catador de objetos de valor, na zona de exclusão de Chernobyl, para venda no mercado negro. Filmado em Chernobyl, esta ficção revela os efeitos devastadores do acidente nuclear até para quem nasceu décadas depois. Trailer: www.vimeo.com/57438142

Marcus Schwenzel estudou cinema em Praga e morou em Barcelona por anos. “Seven years of winter” foi o Melhor Curta-Metragem de Ficção do Uranium Film Festival 2015. Locação: Kiev, Pripyat (Chernobyl), Produtores: Jais Christensen e Hans Henrik Laier, Roteiro: Howard Hunt e Marcus Schwenzel, Diretor de Fotografia: Eduardo Ramirez Gonzales,  Editor: Sebastian Prams, Som: Kahra Scott James, Elenco: Hannes Jaenicke, Roman Knizka, Sasha Savenkov, Tatyana Nesvidomenko e Nitin Sawhney, Produtora: PSB films,  Line Producer: Alla Belaya e Tanya Altukhova, Produção Executiva: Bella Ryabushkina e Arnold Kremenchutsky, Agradecimento especial: Ukrainian Film Commission.

Taiwaste

(Lixo atômico de Taiwan)

Alemanha / Taiwan, 2022, Diretor: Patrik Thomas, Produtor: The Random Collective, Arthouse Docu-Fiction, Chinês, 25 min. Legendas em português.Como todos os países com usina nuclear, Taiwan enfrenta constantemente o problema de como lidar com seu lixo atômico. Após décadas de decisões governamentais controversas, surge uma nova solução para o armazenamento desse lixo, baseada na responsabilidade de cada cidadão. No final da década de 1970, o governo de Taiwan decidiu armazenar partes de seus resíduos nucleares na Ilha Orchid, a 65 km da costa sudeste de Taiwan, lar do povo Yami, que viveu por séculos como um povo indígena isolado. Enganado pelo governo, o chefe indígena assinou um contrato para construir uma “fábrica de conservas de peixe”, que acabou sendo um local de armazenamento de resíduos nucleares. Após mais de 30 anos de protestos do povo Yami, o governo aprovou uma nova decisão para resolver o problema da Ilha Orchid com uma nova estratégia de armazenamento descentralizada. O filme acompanha dois funcionários do governo em sua luta diária para redistribuir o lixo nuclear para todos os cidadãos taiwaneses. Ficção ou realidade?

Patrik Thomas é um artista e cineasta alemão/português. Seu trabalho explora formas híbridas de cinema, videoarte e performance, frequentemente com o princípio de uma abordagem de trabalho colaborativo. Ele aborda questões da realidade cotidiana, processos de trabalho, memórias e tecnologia. É  bacharel em cinema/novas mídias e tem uma longa experiência de trabalho em ciência da computação. Website: https://patrikthomas.de

Tempest: Peter Roche and the Nuclear Uncanny

(Tempestade: Peter Roche e o Nuclear Uncanny)
Nova Zelândia, 2024, Diretora Bridget Sutherland, Produtores Bridget Sutherland e Stuart Page, Música David Kilgour, Som Dick Reade, Documentário/Experimental, inglês, 9 min. Legendas em português.
Bridget Sutherland nos apresenta ao último trabalho do performer e escultor neozelandês Peter Roche (1957-2020). ‘Tempest’ se refere à tempestade industrial nuclear imaginada dentro do silo de concreto, onde Peter Roche encenou sua instalação ‘Asylum’ – uma coleção ousada de obras que falam sobre o “nuclear uncanny”, definido pelo antropólogo Joseph Masco (2006), como  os efeitos materiais, tensão física e confusão sensorial produzidas pelas armas nucleares e materiais radioativos. “Nuclear Uncanny” é, por exemplo, a experiência dos povos do Pacífico que foram bombardeados por mais de 300 vezes e habitam hoje num espaço ambiental contaminado pela radiação. Povos, como os maori, por exemplo, que não estão vivendo no estado psíquico da ameaça nuclear, como a maioria de nós, mas no tempo e no espaço real dos efeitos das bombas atômicas testadas por França, Estados Unidos e Reino Unido.
“A ameaça representada pela guerra nuclear e seu braço industrial, a usina nuclear, cria novas formas de medo e ansiedade psíquica. Ao fazer ‘Tempest’, eu estava preocupada em destacar uma série de obras seminais do artista Peter Roche que falam sobre os perigos subjacentes da era nuclear e seu impacto psicológico. Peter é pouco conhecido fora da Nova Zelândia e, ainda assim, sua visão é universal e reflete sobre a crescente urgência de acabar com o domínio da consciência nuclear e militar no planeta.” Declaração da diretora que dedicou seu filme à Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares (ICAN).
Professora de História da Arte e Cinema no Eastern Institute of Technology (EIT), Nova Zelândia, Bridget Sutherland escreveu e dirigiu diversos documentários e curtas-metragens experimentais, incluindo “Seeing War”, um filme pintado à mão em homenagem aos cavalos enviados para a Primeira Guerra Mundial. https://www.eit.ac.nz/staff/bridget-sutherland/

The Accelerator

(O Acelerador)

EUA, 2024, Diretor: Wendy Garrett, Produtor Executivo: David Raubach, Produtor: Matt Payne, Produtor de Linha: Tanya Ruby, Documentário, Inglês, 56 min. Legendas em Português.

Em 1942, os Estados Unidos criaram o Projeto Manhattan para desenvolver a primeira bomba atômica, com o Dr. Robert Wilson entre seus cientistas brilhantes. Desiludido com a destruição, ele foi pioneiro na Terapia de Prótons, em 1946, um tratamento inovador para o câncer usado em todo o mundo hoje. O filme examina a carreira notável do Dr. Robert Wilson, o mais jovem e um membro vital do Projeto Manhattan. Como um dos principais parceiros de Oppenheimer, o intelecto de Wilson foi fundamental para o sucesso do projeto, mas suas crenças pacifistas e as lutas morais que ele enfrentou em relação ao uso da energia atômica permaneceram em grande parte não ditas. Utilizando filmagens de arquivo e entrevistas em profundidade, este documentário traz à luz as complexidades da jornada moral de Wilson e enfatiza o custo humano do empreendimento científico mais destruidor da história. Site: https://theacceleratorfilm.com

Wendy Garrett atualmente mora em Tulsa, Oklahoma, onde escreve e produz filmes de ficção e não ficção. No verão de 2015, ela trabalhou com Francis Ford Coppola como diretora associada em seu projeto de cinema ao vivo, “Distant Vision”. Wendy é membro do Women in Film.

The Atomic Bowl: Football at Ground Zero and Nuclear Peril Today

(Campeonato Atômico de Futebol Americano no Marco Zero e o perigo nuclear hoje)

EUA, 2025, Diretor Greg Mitchell, Documentário, Inglês, 52 min. Legendas em português.

Após os Estados Unidos lançarem a bomba atômica em Nagasaki, em 9 de agosto de 1945, e o Japão se render no mês seguinte, os militares norte-americanos ocuparam a cidade. No dia 1º janeiro de 1946, em meio aos escombros do ataque atômico, os americanos organizaram um campeonato de futebol americano, com a participação de estrelas universitárias e profissionais, em um local próximo ao marco zero da explosão atômica, que matou mais de 80.000 pessoas. Narrado por Peter Coyote, “The Atomic Bowl” não é apenas o primeiro relato completo em primeira mão do jogo, mas uma história provocativa e perturbadora da decisão de lançar uma segunda bomba atômica, após três dias do lançamento em Hiroshima. A maioria das vítimas eram mulheres, crianças, idosos e outros civis. O filme inclui filmagens raras e dezenas de fotografias nunca publicadas e oferece um argumento convincente sobre a relevância de Nagasaki hoje, à medida que as baixas civis em massa nas guerras atuais aumentaram e os perigos nucleares, segundo todas as estimativas, crescem a cada ano.

Website: https://gregmitchphoto.com/atomicbowl/

The Conqueror: Hollywood Fallout

(Sangue de Bárbaro: Hollywood Fallout)
Reino Unido/Estados Unidos, 2023, Diretor William Nunez, Douglas Waller, Elizabeth Fowler, Documentário, 116 min. Legendas em português.

Você já ouviu falar sobre um filme de Hollywood que quase metade da equipe contraiu câncer? “The Conqueror: Hollywood Fallout” aborda a produção do épico filme “The Conqueror” (1956), intitulado no Brasil “Sangue de Bárbaro”, dirigido pelo ator e cineasta Dick Powell. John Wayne fazendo o papel de um Gengis Khan em yellowface (um branco disfarçado de asiático) não convenceu. A crítica, porém, seria o menor dos problemas para o elenco e equipe envolvida nas gravações. O filme foi rodado por 13 semanas no Parque Estadual de Snow Canyon, próximo a St.George, Utah, situado a apenas 220 km da Área de Testes de Nevada – local estabelecido para a realização de testes nucleares ao ar livre. Em 1953, 11 bombas atômicas já haviam sido detonadas, o pó radioativo – levado pelo vento – se precipitou justamente sobre o parque de Snow Canyon. A Comissão de Energia Atômica dos EUA garantiu que a área era segura. De volta à Hollywood, o cenário contou com 60 toneladas de areia contaminada trazidas de Snow Canyon.

Com o passar dos anos, o elenco e a equipe começaram a desenvolver câncer numa escala assustadora. 91 membros da equipe de 220 pessoas desenvolveram tumores malignos e 46 morreram.

Em 1980, Robert Pendleton, na época professor de Biologia da Universidade de Utah, classificou as mortes como uma epidemia. “Tem sido praticamente impossível provar a conexão entre a radiação e o câncer desenvolvidos em casos individuais. Mas em um grupo desse tamanho, você esperaria que apenas 30 casos de câncer fossem desenvolvidos. Com 91 casos, acho que o vínculo com a exposição no set de filmagens de The Conqueror deveria ser levado ao tribunal.” [The Conqueror: O filme que matou o elenco 

“NINGUÉM JAMAIS PODE DIZER PORQUE UM INDIVÍDUO CONTRAI CÂNCER, MAS PODE ESTUDAR AS ESTATÍSTICAS” William Nunez

As filmagens aconteceram 9 meses após uma série de testes atômicos, dez vezes mais poderosos do que os lançados em Hiroshima e Nagasaki. Eles filmaram durante a temporada em que tempestades no deserto sopravam constantemente os ventos que chegavam da área dos testes atômicos, juntamente com centenas de cavalos galopando, levantando poeira radioativa. A região de St. George naquela época era bastante rural, então o fato das crianças terem taxas de leucemia 2,5 vezes maiores do que de outras crianças, mulheres terem taxas mais altas de câncer de tireoide e homens, na faixa dos 20 anos, com câncer de próstata, acima da média nacional, pode-se chegar a conclusões semelhantes.

William Nunez é um diretor premiado baseado em Nova York e na Espanha. Diretor da North End Pictures, a produtora que produziu grande parte de seu trabalho.

The Nuclear Chronicles: Cultivated Aftermath

(As Crônicas Nucleares: Consequências Premeditadas)
EUA, 2024, Diretor e Produtor: Andrew Madl, Animação, Inglês, 8 min. Legendas em português.Um fazendeiro, no Novo México (Estados Unidos), aluga suas terras para o teste nuclear Trinity, encabeçado por Oppenheimer. O quarto principal da família é usado para a montagem do núcleo da bomba de plutônio, similar a bomba lançada em Nagasaki. As vaquinhas pastam ao pé dos restos da torre, construída para colocar a primeira bomba nuclear do mundo (bomba Gadget) e detoná-la, em 16 de julho de 1945. O solo arenoso foi vitrificado, criando um novo mineral no planeta, a trinitita. Ambientado em uma realidade alternativa, navegando entre fato e ficção, a animação retrata a interseção da tecnologia militar com a paisagem e seus habitantes.
Andrew Madl é professor na Faculdade de Arquitetura e Design, da Universidade do Tennessee, em Knoxville (EUA). Seu ensino e pesquisa investigam a mídia digital, para especular as consequências dabpaisagem, em resposta às explorações e avanços tecnológicos.

The Man Who Saved The World

(O homem que salvou o mundo)
Dinamarca, 2014, Diretor: Peter Anthony, Produtores: Jakob Staberg, Statement Film, Christian Ditlev Bruun, Coprodução: WG Film e Stephen McEveety. Docu-Drama com Kevin Costner, Robert De Niro, Matt Damon, Stanislav Petrov, Sergey Shnyryov, 105 min. Russo, inglês. Legendas em português.  www.themanwhosavedtheworldmovie.com
No ano de 1983, a Guerra Fria estava a segundos de explodir. O mundo prende a respiração, enquanto as superpotências EUA e Rússia se armam uma contra a outra com milhares de mísseis nucleares. No dia 26 de setembro, radares russos interceptam cinco mísseis nucleares a caminho da Rússia. Stanislav Petrov é o comandante-chefe. A decisão que iniciaria a Terceira Guerra Mundial recai sobre seus ombros. A Rússia deve disparar mísseis nucleares contra os Estados Unidos em defesa? ‘The Man Who Saved the World’ é um thriller épico da Guerra Fria que causa arrepios na espinha, ao mesmo tempo em que é uma história emocionante sobre o homem que realmente salvou o mundo e sua luta para colocar sua vida de volta nos trilhos antes que seja tarde demais. Troféu Uranium Film Festival 2016.
Peter Anthony é um diretor, roteirista, cenógrafo, arquiteto e designer gráfico dinamarquês. Graduado pela Royal Academy of Fine Arts em Copenhagen (1999), com bacharelado em Arquitetura pela École Nationale Supérieure des Beaux-Arts em Paris (1996). “O homem que salvou o mundo” é a estreia internacional de Anthony como diretor de longa-metragem. Além de atuar como diretor do filme, Anthony também contribuiu como roteirista, coeditor, consultor de cenografia e designer gráfico.
Kevin Costner: “Muitas vezes tenho a chance de interpretar um herói. Mas Stanislav é um verdadeiro herói da vida real. Poucas pessoas sabem sobre Stanislav Petrov. Mas centenas de milhões de pessoas estão vivas por causa dele.”

The Polygon (Le Polygone, un secret d’État)

(O Polígono, um segredo de Estado)

França, 2023, Diretor: Cédric Picaud, Produtor: Vincent Gazaigne, Documentário, Francês/Inglês, 53 minutos. Legendas em português.Damien quer salvar sua aldeia de um feitiço. Na região de Champagne, localizada ao nordeste da França, cerca de 150 km de Paris, a França instalou secretamente um projeto bélico, chamado “Polígono”, em 1957. Engenheiros, vindos de Paris, criaram e administraram o projeto, usando as colinas para testar sistemas de detonação de bombas nucleares. Trabalhadores locais construíram e mantiveram o projeto secreto em silêncio absoluto. Dez anos após o fechamento do “Polígono”, o morador da região Damien quer saber o quanto o projeto poluiu o meio ambiente e envenenou as mentes.

Depois de 20 anos como jornalista para a televisão nacional e regional da França, CÉDRIC PICAUD decidiu partir para projetos mais ambiciosos e abrangentes. “O Polígono” é o seu primeiro documentário.

The Time Machine

(A Máquina do Tempo)

EUA, 1960, Diretor George Pal, Roteiro David Duncan, HG Wells, 103 min, Inglês. Legendas em Português.A bomba atômica foi prevista pelo britânico Herbert George Wells (1866-1946), em seu livro de ficção científica “A Máquina do Tempo”, publicado em 1895. O filme, de mesmo nome, foi baseado no livro e lançado em 1960, no auge da Guerra Fria. Ele conta a estória de um inventor que, na virada do século 19 para 20, constrói uma máquina que viaja para o futuro. Ele vai para 1917, 1940 e 1966, mas encontra o mundo em guerra nas três ocasiões. Esperançoso de um mundo melhor no futuro, viaja para o ano de 802.701, muito tempo após a guerra atômica. Chegando lá, ele descobre que os descendentes da humanidade se dividiram em duas espécies: os Eloi, passivos, infantis e vegetarianos, e os Morlocks, habitantes do subsolo, que se alimentam dos Eloi, como gado humano. O filme sugere que os Morloks são os descendentes de humanos, sobreviventes em abrigos, a uma devastadora guerra mundial. Enquanto os Eloi são provavelmente descendentes de sobreviventes da superfície.

“A Máquina do Tempo” recebeu Oscar de efeitos especiais. George Pal também dirigiu outro filme baseado em livro homônimo de Well, “A Guerra dos Mundos” (1953).

The View from the Plane

(Da vista do avião)

Itália / Portugal, 2024, Diretor: Daniele Grosso, Animação, Inglês, 6 min. Legendas em português.Esta animação nos leva às alturas, embalados pela reflexão poética do filósofo Günther Anders (1902-1992), que embarcou para o Japão, para participar da 4ª Conferência Mundial Contra Bombas Atômicas e de Hidrogênio e pelo Desarmamento, em 1958. A experiência na conferência está registrada em seu livro “The Man on the Bridge: Diary from Hiroshima and Nagasaki”. Conhecido por ter formulado o conceito de “tempo do fim”, Günther Anders, cuja primeira esposa foi Hannah Arendt, tem traduzido no Brasil “Teses para a Era Atômica”, publicado pela SOPRO 87.  Trailer:  https://vimeo.com/903004229

Daniele Grosso é um cineasta italiano, morando em Lisboa. Ele trabalha principalmente em documentários, com foco em temas sociais, históricos e ambientais, mas também dirigiu vários curtas-metragens experimentais. Ele tem mestrado em Artes e Literatura, com tese sobre História do Cinema de Animação, e um outro mestrado em Pós-Produção de Vídeo.

Unless

(A menos que)
Ucrânia/Polônia, 2025, Diretora: Antonina Gotfrid, Animadora e Roteirista: Anna Kazantseva, Animação, Inglês, 6 min. Legendas em português.
 O filme leva os espectadores a uma jornada através das eras – do momento em que os humanos divergiram do reino animal até a era tecnológica, onde os humanos se tornaram escravos do consumo, ignorando as consequências de suas ações. Em um nível narrativo, a história gira em torno de figuras simbólicas do Pai e do Filho, situadas em um campo de tiro metafórico. Seu alvo é o planeta Terra. O Pai, representando a geração atual, explora os recursos da Terra de forma imprudente e gananciosa em busca de riqueza. Enquanto isso, o Filho, simbolizando as gerações futuras, passa por um processo de evolução reversa, regredindo gradualmente ao estado de um primata. O clímax ocorre quando o Pai, reconhecendo a transformação do Filho, tenta pela primeira vez se conectar com ele. No entanto, é tarde demais: o Filho, movido não pela razão humana, mas pelo instinto primitivo, ataca o Pai. No calor de sua luta, um botão nuclear é acidentalmente pressionado, desencadeando uma nova catástrofe global.
A cena final revela uma paisagem pós-apocalíptica: marcada, mas resiliente, a natureza começa a se recuperar mais uma vez. O ciclo se repete – um primata tenta ficar de pé. Mas, desta vez, todas as criaturas vivas do planeta se unem para impedi-lo. Apesar da resistência, a evolução encontra seu caminho adiante, dando origem a uma nova forma de vida inteligente, com a chance de construir uma civilização. Site: new.express.adobe.com/webpage/5kEyLUilC7RTF

Ways of Knowing: A Navajo Nuclear History

(Formas de saber: uma história nuclear do povo indígena Navajo )
EUA, 2024, Diretor: Kayla Briët, Produtor: Adriel Luis, Sunny Dooley, Lovely Umayam, Roteirista: Lovely Umayam,
Documentário, inglês, 23 min. Legendas em português.O sudoeste americano é uma paisagem extensa e misteriosa que guarda um legado sombrio, como cenário da produção da primeira bomba nuclear do mundo. Mas este lugar guarda uma história mais profunda – por milênios, os navajos e outros povos indígenas mantiveram esta área sagrada e continuam a lutar pela sobrevivência de suas terras e cultura, apesar de décadas de trauma ambiental e comunitário. Aqui, contadores de histórias, acadêmicos, artistas e organizadores comunitários dedicaram suas vidas a um futuro que transcende a sombra da história nuclear. Esta é a história deles.
Kayla Briët é uma artista que explora temas de pertencimento para contar histórias, em vários meios: cinema, música e realidade virtual. Norte-americana, descendente do povo Potawatomi/Neshnabe, de chinês e holandês-indonésia.

We Live Here

(Nós Vivemos Aqui)
Cazaquistão, 2024, Direção e Roteito: Zhanana Kurmasheva; Produção: Banu Ramazanova; Fotografia: Kuanysh Kurmanbayev; Música: Akmaral Mergen; Design de Som: Ilya Gariyev; Edição: Aidan Serik, Documentário, Cazaque, Russo, 80 min. Legendas em português.
De 1949 a 1989, a União Soviética realizou 456 testes nucleares em superfície e no subsolo, no local de testes nucleares de Semipalatinsk, também conhecido como Polígono de Semey, no leste do Cazaquistão. O impacto total das explosões excede em 45.000 vezes o poder da bomba nuclear de Hiroshima.Os testes criaram grandes nuvens radioativas atingindo vilarejos da região, resultando em taxas altíssimas de câncer e outras doenças. A gota d’água foi nos dias 12 e 17 de fevereiro de 1989, quando material radioativo vazou da instalação subterrânea. Em 26 de fevereiro, Olzhas Suleimenov, poeta e candidato ao Congresso dos Deputados do Povo, interrompeu a leitura de sua poesia na televisão nacional para falar abertamente sobre os testes nucleares em Semipalatinsk. Assim nasceu o movimento social Nevada-Semipalatinsk, batizado de Nevada Semipalatinsk, em solidariedade a movimentos semelhantes nos Estados Unidos, que também lutam pelo fechamento do local de testes de Nevada.A maior manifestação documentada ocorreu em 6 de agosto de 1989, no 44º aniversário do lançamento da bomba nuclear em Hiroshima. Aproximadamente 50.000 pessoas se reuniram em Semipalatinsk, onde foi lida a declaração: “Nossa consciência está envenenada pelo medo do futuro. Temos medo de beber água, comer e dar à luz”. O movimento impulsionou o primeiro presidente cazaque, Nursultan Nazarbayev, assinar o decreto de fechamento do local de testes nucleares de Semipalatinsk, em 29 de agosto de 1991. O Cazaquistão, ex-URSS, foi uma potência nuclear em grande escala e o primeiro país a abandonar voluntariamente as armas nucleares.

Mais de 1,5 milhão de pessoas foram oficialmente reconhecidas como vítimas desses testes. O problema é que as vítimas de 3ª e 4ª gerações ainda não foram reconhecidas. Estações sanitárias e epidemiológica coletam cerca de 10 amostras por ano em toda a região. Mas fica a pergunta: quando os estudos forem concluídos, será tarde demais? “Nunca perca sua esperança. Esperança nos leva para um futuro melhor. Onde há vida, há esperança. Só o diabo não tem esperança.” Bolatbek, um dos protagonistas do filme.

Zhanana Kurmasheva é uma diretora cazaque com foco em produção de documentários. Ela é bacharel e mestre em direção de cinema pela Academia Nacional de Artes do Cazaquistão.

DECLARAÇÃO DA DIRETORA

Alguns lugares na Terra carregam um peso quase impossível de expressar em palavras. Viajei para vários lugares, mas em nenhum outro lugar senti o espectro de emoções que experimentei no local de testes de Semipalatinsk. A vasta estepe carrega uma estranha sensação de atemporalidade, como se estivesse presa em um loop onde as nuvens nunca se levantam completamente do horizonte. A radiação parece quase viva, uma força sinistra que se infiltra silenciosamente nas casas, atraindo as pessoas com uma atração invisível na calada da noite, como as sereias da mitologia grega.

Lembro-me de dirigir até o meio do local de teste. O pôr do sol naquele fim de tarde era de tirar o fôlego, seu brilho contrastando fortemente com as histórias de devastação ligadas a esta terra. Olhei para a terra e senti pena de tudo o que ela havia sofrido. Mas então, enquanto a luz pintava a estepe em tons de fogo, um pensamento me ocorreu: esta terra sobreviverá a todos nós. Ela sobreviveu a explosões, veneno e abandono. Ela perdura, inabalada pela arrogância humana, sua grandiosidade nos lembrando de nossa insignificância. Aquele momento me ajudou a entender por que as pessoas se recusam a partir. Para elas, este não é apenas o lar — é atameken (em cazaque, “pátria”), solo sagrado que testemunha sua história compartilhada. A terra lembra o que ela suportou e o que eles suportaram. Eles sofreram juntos e permanecem unidos pela resiliência mútua. Nenhum outro lugar poderia oferecer-lhes esse tipo de conexão.

Minha conexão com essa história é pessoal. Minha mãe, nascida perto da vila de Kainar, onde os testes nucleares deixaram sua marca, me alertava: “Não conte a ninguém de onde eu sou. Principalmente a futuros pretendentes. As pessoas pensam que somos doentes.” Esse estigma persegue o povo de Semipalatinsk por onde passa. Até hoje, os moradores locais falam da vergonha e do medo ligados às suas origens. O mundo os vê como danificados, marcados pela radiação que ainda assombra sua terra natal.

É por isso que eu não conseguia me livrar dessa história. Não se trata apenas da resiliência da terra; trata-se da resiliência — e da vulnerabilidade — das pessoas. Suas vidas se entrelaçam com as da estepe de maneiras profundamente humanas. Juntos, eles navegam pelas consequências da destruição, agarrando-se à esperança e à dignidade, apesar das cicatrizes que carregam.

Através deste filme, eu queria explorar as dualidades deste lugar e de seu povo: devastação e beleza, desespero e perseverança, silêncio e os ecos da vida. O lugar de testes nucleares de Semipalatinsk levanta questões que ressoam muito além de suas fronteiras: Como convivemos com as consequências de nossas ações? A vida pode perdurar onde a morte persiste? As respostas estão nos ventos sussurrantes da estepe, em suas cicatrizes e nas pessoas silenciosas e firmes que se recusam a partir — ou, pelo menos, ele contém as verdades que devemos confrontar se quisermos evitar repetir os erros do passado.

Serviço
14º Uranium Film Festival
17 a 31 de maio de 2025
Cinemateca do MAM Rio – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Av. Infante Dom Henrique, 85. Parque do Flamengo, Rio de Janeiro/RJ
Entrada franca
Classificação 14 anos
Certificado de hora complementar em todas as sessões, emitido gratuitamente pela UNIFAETEC.
Contato
International Uranium Film Festival
Márcia Gomes de Oliveira
Fundadora e Diretora
Email: uraniofestival@ gmail.com
Norbert G. Suchanek
Fundador e Diretor
Email: norbert.suchanek@ uraniumfilmfestival.org
Colabore!
Uranium Film Festival é feito com a ajuda de pessoas conscientes como você!
Agradecemos a colaboração de qualquer quantia.
Entre em contato por e-mail para ter o seu nome nos agradecimentos.
CHAVE PIX