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Gestantes adolescentes recebem atendimento especial no Hospital Estadual da Mãe

Projeto foca em esclarecer temas relacionados à vida das grávidas. 20% das usuárias da unidade são menores de 18 anos

b_800_600_0_00_images_stories_ASCOM_hospDaMaeMesquita-atendimentoAdolecente_hosp_da_mae_-_ambulatorio_para_adolecentes_gravidas_15Tímidas, elas vão se chegando aos poucos no auditório do Hospital Estadual da Mãe (HEM), em Mesquita, para participar das reuniões que acontecem todas as manhãs de segunda-feira. Em comum, a gravidez na adolescência e muitas dúvidas, medos e preocupações. As pautas dos encontros abordam temas essenciais neste momento de suas vidas: alterações fisiológicas da gestação, mudança do corpo e das emoções, nutrição e aleitamento materno, direitos civis da gestante, importância da continuidade dos estudos, planejamento familiar e orientações sobre DSTs e contracepção e cuidados com o bebê. Assim são as reuniões do Ceama – Centro de Estudos e Atendimento da Mulher Adolescente, projeto da unidade inaugurado este mês que faz parte do Ambulatório de adolescentes que funciona no hospital. O foco em oferecer um atendimento diferenciado tem um motivo: 20% das pacientes da unidade são adolescentes.

O espaço também visa a troca de experiências entre as participantes. Os pré-requisitos para a gestante ser atendida pelo serviço é ter menos de 19 anos e estar fazendo o pré-natal no HEM. Aos 17 anos e grávida de sete meses do primeiro filho, Ana Luiza de Azevedo foi à reunião acompanhada da mãe, Janete Jamar. Ansiosa com a chegada do neto, Janete conta que foi ela quem percebeu que a filha estava grávida.

– Vi que ela estava enjoando e com o corpo diferente. Falei logo que era gravidez. Mas foi tranquilo. Apesar de ela ser muito nova, fiquei feliz. A família toda aceitou e acolheu bem a novidade. Acho que essas reuniões vão nos ajudar a tirar dúvidas e lidar melhor com o que está por vir – conta Janete.

Cerca de 15 gestantes são atendidas a cada encontro, que dura cerca de uma hora e que é comandado por uma assistente social e uma psicóloga do hospital. Utilizando uma linguagem simples e didática, as profissionais abordam os temas propostos e estimulam a participação das futuras mães.

– Estamos aqui para ajudar a melhorar a autoestima de vocês, aumentando a capacidade de superarem as dificuldades que estão por vir. Sabemos que a adolescência é uma fase difícil, existem muitas mudanças emocionais, algumas vezes não existe o apoio da família quando descobre a gravidez, mas saibam que é possível superar todas as dificuldades se vocês forem bem orientadas – explicava Luciene Moura, assistente social que proferia a palestra na última segunda-feira, dia 8, e que também foi mãe na adolescência.

Para o diretor do HEM, Sérgio Teixeira, as orientações passadas nas palestras são fundamentais para as usuárias da unidade.

– Fazemos um atendimento diferenciado a essas mães, usando linguagem e abordagem específicas. É uma oportunidade de passar informações de forma mais consistente e sensata, já que a maioria dessas jovens vai raramente a médicos e, por isso, sabem pouco sobre prevenção de gravidez e DSTs. Grande parte das informações chega de forma equivocada e inadequada a essas meninas, os temas são pouco discutidos em casa, pois muitos pais acham que a escola tem responsabilidade de ensinar tudo. Aqui, elas podem se informar e receber as orientações corretas – justifica Sérgio.

Jéssica Aparecida da Silva, 16 anos, moradora de Nilópolis, está na segunda gestação e daqui a pouco dará à luz à Emanuele. Para ela, saber mais sobre planejamento familiar é o mais importante nesse momento.

– Nenhuma gravidez foi planejada e não dá pra continuar nesse ritmo. Quero aprender sobre como evitar a gestação e tirar outras dúvidas com a psicóloga – argumenta.
Elcilene Lins é quem oferece o atendimento de psicologia do projeto. Para ela, a reunião é um espaço para que as gestantes possam tirar dúvidas e levar situações que, muitas vezes, não conseguem abordar com a família.

– Aqui elas podem contar experiências, falar das mudanças no corpo, aceitação e reação da família, incertezas sobre o futuro sem nenhum julgamento. A gravidez é um momento que elas estão passando precocemente do papel de filha para o de mãe. Por isso, é tão importante que tenham apoio, não somente profissional, mas, principalmente, dentro de casa e em seu círculo social.

Números – A alta incidência de gravidez na adolescência entre as pacientes da unidade estadual reflete uma realidade encontrada em todo o estado do Rio de Janeiro. Segundo estatísticas da Secretaria de Estado de Saúde, o número de nascimentos de mães menores de idade é significativamente maior quando comparado ao de mães acima dos 35 anos. Em 2011, 38.959 bebês nasceram de mães adolescentes com idades entre 12 e 19 anos, enquanto 26.926 bebês vieram ao mundo de mulheres com mais de 35 anos. No mesmo período, 18 bebês nasceram de meninas com menos de 12 anos de idade.

FONTE: Governo do Estado do Rio de Janeiro

http://www.saude.rj.gov.br

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