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Ipen usa radiação para preservar escultura de Nossa Senhora

A radiação ionizante foi utilizada no trabalho de conservação e restauro de uma escultura do século XIV representando Nossa Senhora e o Menino Jesus, pertencente ao acervo do Mosteiro São Bento, em São Paulo. A peça, infestada por cupins, foi submetida a um tratamento utilizando radiação ionizante, no último dia 5 de outubro, no Centro de Tecnologia das Radiações (CTR) do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), unidade da CNEN em São Paulo. Todo o mosteiro está sendo restaurado por uma empresa especializada, que contatou o Ipen para irradiar a escultura.

A pesquisadora do CTR Luci Diva Brocardo Machado explica que a radiação é uma alternativa segura e muito eficaz e que pode impedir que se percam construções e objetos de valor histórico e cultural para a humanidade. A radiação tem sido utilizada para recuperar e conservar obras de patrimônio histórico, artístico e cultural em uma linha de pesquisas que já contabiliza resultados expressivos.

A obra foi irradiada com raios gama no irradiador multipropósito do CTR, por cerca de 15 minutos. Após o tratamento com radiação, a restauradora Márcia Rizzo seguirá com o processo de restauro da escultura, bastante danificada, segundo ela. Rizzo já utilizou a radiação ionizante para tratar outras obras de arte, como um quadro peruano do século XVII.

O uso da radiação ionizante na conservação e restauro de obras de arte é um trabalho multidisciplinar que envolve profissionais de várias áreas, como museólogos, restauradores, físicos e químicos. Em parceria com diversas instituições já foram tratados no Ipen quadros, xilogravuras, papeis e peças diversas infestadas por fungos, bactérias, cupins e brocas, destaca Luci Machado.

Durante o processo de irradiação, são posicionados dosímetros para garantir que a dose correta foi absorvida pelo material. A dose de um quilogray é suficiente para eliminar os insetos sem no entanto provocar alterações nas propriedades dos materiais envolvidos no processamento.

Países como Japão, Áustria, Polônia, França, Alemanha e República Tcheca utilizam a radiação ionizante em obras de arte e desenvolvem várias pesquisas na área. Obras de patrimônio histórico e cultural de todos os tempos têm se beneficiado da tecnologia, que não gera resíduos tóxicos ou radioativos.

Empregar a radiação representa vantagens em relação aos processos químicos: não requer período de quarentena após o tratamento e não são gerados gases tóxicos ou substâncias nocivas. Com isso, não há impactos à saúde de quem realiza o processamento ou manuseia a obra, nem danos ao meio ambiente.

A radiação ionizante também é utilizada na redução da carga microbiana ou para eliminar infestação de pragas em produtos agrícolas, em alimentos, produtos médicos e farmacêuticos. O irradiador multipropósito, equipamento utilizado nas pesquisas e serviços prestados pelo CTR, foi desenvolvido no Ipen com tecnologia nacional.

FONTE: CNEN
http://www.cnen.gov.br/

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