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Mais de 100 pacientes já foram atendidos no Instituto Estadual do Cérebro

Estima-se que há de 1,8 a 3,6 milhões de epilépticos no Brasil. A displasia cortical é a principal causa de epilepsia na infância e as primeiras cirurgias para pacientes com esse tipo de doença começam a ser realizadas em agosto

Há duas semanas em funcionamento, o ambulatório do Instituto Estadual do Cérebro já atendeu 111 pacientes, entre crianças e adultos. Para eles, a primeira consulta é o passo mais próximo da realização da esperada cirurgia. Realidade não diferente da família da pequena Maria Clara de Andrade Araújo, de 9 anos, que aguarda pela cirurgia desde quando foi diagnosticada com epilepsia de difícil controle causada por displasia cortical, aos 4 meses de vida. O maior sonho da dona de casa, Eliane Vieira de Andrade, é que a filha tenha uma vida normal, como qualquer outra criança.

– Maria Clara é nossa primeira filha. Já são nove anos esperando por essa cirurgia, e ela é nossa única esperança de melhora. Meu maior sonho é que minha filha possa ter uma vida normal. Eu quero que ela possa ir à escola, ir ao parque de diversão, brincar com outras crianças, fazer o que toda criança faz, até mesmo bagunça. O filho especial te ensina a dar valor aos pequenos gestos, como um carinho, quando acontece é uma festa – conta Eliane.

Estima-se que há de 1,8 a 3,6 milhões de epilépticos no Brasil. A displasia cortical é a principal causa de epilepsia na infância. Ela é considerada uma desordem cerebral resultante do desenvolvimento anormal dos neurônios do córtex cerebral no primeiro trimestre da gestação, que se manifesta precomente com crises epilépticas nos primeiros anos de vida.

– O caso da Maria Clara é típico de indicação cirúrgica, e felizmente agora vamos conseguir operá-la com a maravilhosa estrutura do Instituto Estadual do Cérebro. Ela tem uma lesão cerebral congênita na região frontal direita – chamada de displasia cortical. As crises epilépticas são diárias, resistentes aos remédios e levam a quedas e traumas faciais repetidos. O desenvolvimento social e cognitivo, especialmente da fala, ficaram bastante comprometidos, com grande mobilização de toda a família em função das quedas. Acreditamos que exista uma perspectiva de melhora muito grande após a cirurgia, especialmente na qualidade de vida dela e da família. – explica Eduardo Faveret, coordenador do Centro de Epilepsia do Instituto Estadual do Cérebro.

O novo hospital também vai concentrar o tratamento neurocirúrgico de doenças do sistema nervoso central, como tumores, doenças vasculares e tratamento da doença de Parkinson através do implante de Estimuladores Elétricos Cerebrais Profundos. Serão quatro salas cirúrgicas inteligentes com estrutura de vídeo-conferência e capacidade de realizar cirurgias assistidas por sistema de neuronavegação guiado por imagens geradas pela ressonância magnética, realizada dentro do próprio centro cirúrgico, na primeira sala híbrida pública do país. Haverá ainda espaço de fisioterapia inovador que reproduz uma residência para melhor readaptação dos pacientes após AVCs.

O primeiro hospital dedicado ao cérebro do país – O novo centro contará ao final de todas as etapas com mais de 200 leitos entre internação, UTI e estabilização. Nesta primeira fase, já estão prontos para funcionar 44 leitos de terapia intensiva, três dos quatro centros cirúrgicos e nove salas de ambulatório. A previsão é que a sala híbrida – cirurgia e ressonância magnética integradas – já esteja pronta em novembro. O projeto recebe cerca de R$ 80 milhões em investimentos em obras e equipamentos, feitos integralmente pelo Governo do Estado.

– Esse é um projeto pioneiro no Brasil e arrisco dizer que é a maior iniciativa dessa gestão do Estado do Rio de Janeiro. Há muitos centros no país, públicos e privados, dedicados ao coração, à ortopedia, ao câncer; mas esse é o primeiro dedicado exclusivamente ao cérebro. Hoje estamos começando a colocar o navio em movimento, iniciando pelo atendimento ambulatorial, teste dos equipamentos e, em 30 dias, faremos nossa primeira cirurgia. Nossa meta é 10 cirurgias por dia e 200 por mês, assim que estivermos em pleno funcionamento. E o que se encontra aqui, não está reunido em nenhuma outra unidade de saúde. É o estado da arte na neurocirurgia, o que fez que todos os melhores profissionais do Rio e até do resto do país pedissem para compor a nossa equipe – destaca o neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho.

Atendimento referenciado – A nova unidade de saúde do Governo do Estado não terá atendimento de emergência, o serviço será integralmente referenciado pela Central Estadual de Regulação. Após o primeiro diagnóstico de necessidade de neurocirurgia, o paciente será encaminhado via Central para realização de consulta para avaliação de exames e risco cirúrgico. O modelo de agendamento de consulta é o mesmo já utilizado há um ano e meio no Rio Imagem – Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI) do Governo do Rio. Cada município terá cota de consultas em um sistema online, de acordo com a sua população.

FONTE: Governo do Estado do Rio de Janeiro
http://www.saude.rj.gov.br

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