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Paulo Niemeyer: “Instituto Estadual do Cérebro é o estado da arte em neurocirurgia”

b_800_600_0_00_images_stories_ASCOM_paulo_niemeyerMalu Mader, Herbert Vianna, Fabio Barreto. Essas são algumas das mentes brilhantes que já passaram pelas mãos precisas do neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho. Paulo não escapou de percorrer os mesmos caminhos do pai, um dos maiores neurocirurgiões do mundo. E nem quis. A admiração e o encantamento que tinha por Paulo Niemeyer, quando fantasiava que o pai era um super-herói por estar viajando para salvar pessoas, ou assistindo fascinado às cirurgias na adolescência, vestido de cirurgião, acabaram encaminhando-o naturalmente para a medicina na hora de escolher sua profissão. Na saúde pública, teve rápida passagem pelo Hospital Municipal Souza Aguiar nos tempos de residência e há alguns anos dirige o Instituto de Neurocirurgia da Santa Casa de Misericórdia do Rio. Quando o assunto é sua mais nova empreitada, o Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, projeto da Secretaria de Estado de Saúde, o sentimento se resume a uma palavra: empolgação. O médico está à frente do empreendimento, que começa a realizar as primeiras cirurgias em 1º. de agosto, e promete preencher uma lacuna na rede pública de saúde: o atendimento às vítimas de AVC, aneurismas, epilepsia, tumores e outras doenças neurocirúrgicas.

“Esse projeto é a esperança de podermos atender à população carente em melhores condições, preocupados somente em resolver o problema do doente. Temos no Instituto o estado da arte na medicina, com equipamentos que não são encontrados reunidos em nenhuma unidade de saúde”, comemora Niemeyer Filho.

O Instituto Estadual do Cérebro conta com quatro salas cirúrgicas, 44 leitos de UTI, 120  leitos de enfermaria, num complexo que envolve duas unidades de saúde, com espaço para pesquisa e formação de profissionais. A previsão é realizar de 8 a 10 cirurgias por dia.

“Acho que vamos encontrar um grande volume e uma maior complexidade de casos, cirurgias de grande porte, que levam o dia todo. Mas a recompensa será a concretização de um desejo de muitos profissionais da área de neurocirurgia: a possibilidade de termos um lugar onde poderemos atuar juntos, transmitindo conhecimento, produzindo trabalhos científicos e nos tornando um grupo de referência no estado e talvez no país. O usuário do SUS será o maior beneficiado com esse serviço de alta qualidade”, ressalta Paulo Niemeyer Filho.

– Muita gente não acredita que o serviço público vai contar com a sua experiência. Como vai ser a sua rotina no Instituto Estadual do Cérebro?

Paulo Niemeyer Filho: Na verdade ela já começou desde o início da fase de obras. Participei ativamente da elaboração de todo o projeto, escolha dos equipamentos e perfil da unidade. A partir de agora, minha ideia é começar a operar no Instituto uma ou duas vezes por semana. Não posso ir todos os dias, mas pretendo chegar a três vezes por semana, mas a minha equipe estará lá todos os dias. Hoje o meu trabalho com pacientes de baixa renda se dá na Santa Casa, onde só conseguimos fazer uma cirurgia por dia, com muita dificuldade. No Instituto do Cérebro, vamos poder operar com a melhor estrutura existente no mundo e a nossa intenção é realizar de 8 a 10 procedimentos por dia. O instituto é um hospital dos sonhos, uma unidade de saúde pública padrão Fifa.

– No dia 24 de junho o Instituto Estadual do Cérebro abriu as portas para o atendimento ambulatorial. Há um encaminhamento antes feito pela rede básica de saúde ou o Instituto também atende emergência?

Paulo Niemeyer Filho: O Instituto Estadual do Cérebro é uma unidade multi especializada, onde nós vamos atender apenas doenças cerebrais com possibilidade cirúrgica. Inclusive epilepsia, de Parkinson, tumores, aneurismas, doenças eletivas marcadas e selecionadas previamente. Os pacientes devem ser encaminhados pelas UPAs ou pelas unidades de Saúde. A Secretaria de Estado de Saúde faz a refulação através da Central Estadual de Regulação, com agendamento no sistema e confirmação de consulta por envio de mensagem de texto (SMS). Não haverá emergência, trata-se de uma unidade especializada de referência.

– O que vai haver no Instituto que não há em outros lugares? Qual é a missão do hospital e quem ele vai atender?

Paulo Niemeyer Filho: É um projeto que os neurocirurgiões sempre sonharam e está se realizando. Esse instituto vai ser uma instituição dedicada exclusivamente ao tratamento das doenças cerebrais, especificamente as cirúrgicas. O Rio de Janeiro tem uma rede grande de assistência de emergência ao traumatizados e tudo, mas não tem uma instituição voltada para as cirurgias neurológicas de lata complexidade. Então, se o paciente e tem um aneurisma, um tumor, uma epilepsia que precisa ser tratada de maneira eletiva e planejada, é preciso uma instituição no Rio preparada. Às vezes tem o instrumento, mas não tem a equipe e vice-versa. Então, essa instituição vai concentrar um grupo de neurocirurgiões com equipamentos mais sofisticados para fazer as cirurgias eletivas de alta complexidade na área neurológica. Isso é uma novidade no país porque nós temos grandes instituições semelhantes na área cardíaca, mas na área neurológica não existe nada semelhante. Então essa é uma instituição que, funcionando da maneira como a gente está planejando, acredito que vai ser replicada pelo Brasil a fora porque isso racionaliza os gastos, aumenta a produção do trabalho dos médicos e inevitavelmente melhora os resultados. Então, acho que isso vai ser muito importante para o Estado do Rio.

– É verdade que esse é um dos centros especializados nesse tipo de atendimento mais modernos do Brasil?

Paulo Niemeyer Filho: Na realidade, é o primeiro centro no Brasil especializado em cérebro. É o primeiro Instituto do Cérebro no Brasil. Nós temos institutos de cardiologia, hospitais de cardiologia, mas do cérebro é o primeiro no Brasil.

– Quais são as cirurgias de cérebro que temos maior demanda no Rio?

Paulo Niemeyer Filho: Não vamos ter nada de emergência, nada de trauma. O trauma já é dirigido às emergências da rede que já existe. Em geral, o traumatizado tem outras lesões, no pulmão entre outras. Não teremos esse tipo de atendimento. A grande maioria dos atendimentos é de pacientes com epilepsia, para investigar possibilidade de tratamento cirúrgico – epilepsias que não respondem a tratamentos, tumores cerebrais, aneurismas e doenças até mesmo como Mal de Parkinson, movimentos involuntários, que precisam de tratamento cirúrgico.

– Tumores cerebrais vão ser contemplados no Instituto do Cérebro?

Paulo Niemeyer Filho: Sim, mas sempre visando a parte cirúrgica. Uma vez feita a cirurgia, nós vamos encaminhar para outra instituição que fará o tratamento com quimioterapia, se for necessário, radioterapia também.

–  O atendimento é só pra pacientes da capital ou de todo o estado?

Paulo Niemeyer Filho: Qualquer cidadão que tiver diagnóstico com indicação neurocirúrgico será encaminhado ao Instituto do Cérebro pela Central Estadual de Regulação.. Independente do estado ou da cidadania.

–  Como esse instituto pode ajudar também na pesquisa sobre o cérebro? O Brasil precisa também avançar muito em pesquisa?  

Paulo Niemeyer Filho: O hospital passou a se chamar Instituto exatamente por isso. Nós vamos ter, em uma segunda etapa da inauguração, um prédio só de pesquisa, de genética, de biologia molecular, de treinamento de microcirurgia. Vamos ter também convênios com universidades para treinamento de cirurgiões. O hospital não vai ser só assistencial. Mas vai ser também um hospital de pesquisa, que vai envolver também ensino. Nós vamos ter mais duas etapas de inaugurações nos próximos dois anos para completar todo o Instituto do Cérebro.

– Qual a capacidade ambulatorial?

Paulo Niemeyer Filho: Hoje, nós estamos trabalhando com nove salas de ambulatório. Cinco de adultos e quatro de crianças. Começamos hoje, mas, naturalmente, não com a plena capacidade. Mas logo, logo vamos atender de 100 a 200 pessoas por dia. E esperamos poder realizar, dentro de um ano, até dez cirurgias por dia.

– Quais são as tecnologias que estão à disposição da população no Instituto?

Paulo Niemeyer Filho: Nós vamos ter um centro cirúrgico de última geração em todos os sentidos. As salas são todas informatizadas. Vamos ter neuronavegadores, que são equipamentos muito modernos. São equipamentos usados durante a cirurgia para localizar lesões profundas no cérebro. São as chamadas salas inteligentes, totalmente informatizadas. Vamos ter uma sala híbrida, com ressonância magnética dentro do centro cirúrgico. Se no meio da cirurgia, com o paciente de cabeça aberta, há uma duvida qualquer, ele automaticamente a mesa se desloca, é feita a ressonância e o paciente retorna ao lugar original. Então vamos ter uma modernidade que no serviço público praticamente não existe.

–  Há estatística com taxa de letalidade em neurocirurgia? É uma área de alto risco, com alta complexidade?

Paulo Niemeyer Filho: É difícil falar em estatística. Nós vamos ter lá um projeto, que também foi idealizado pelo secretário Sérgio Côrtes, que aliás foi quem teve a ideia de fazer esse instituto, que é o tratamento de pacientes que sofreram AVC. O secretário já tem um tratamento nas UPAs, com os pacientes de AVC isquêmico, onde eles fazem tratamento trombolítico, uma medicação aplicada na veia para tentar desentupir a veia do cérebro. Isso tem uma dificuldade porque os pacientes, após a injeção, precisam ir para um CTI especializado. Com os 44 leitos de CTI que vamos inaugurar, nesta semana, esses doentes serão encaminhados diretamente das UPAs para o hospital do cérebro.

FONTE: Governo do Estado do Rio de Janeiro
http://www.saude.rj.gov.br

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