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Rede Globo denuncia vazamento radioativo improvável e causa alarde em Brasília

thumbnail_1436213552No jornalismo, o termo “barrigada” é usado para denunciar uma matéria errada ou falsa, que é contada como uma grande e importante novidade, mas não passa de alarde maldado.

Sexta-feira passada, no Bom Dia DF, a Rede Globo exibiu mais uma pérola radiológica (veja o vídeo, clique aqui) e tocou o terror numa cidade inteira, sem necessidade alguma. Fez uma reportagem sobre os restos de um equipamento de raios X odontológico encontrado numa central de reciclagem de lixo no Varjão, afirmando que poderia haver uma fonte radioativa perdida capaz de causar um acidente radiológico como o de Goiânia, em 1987.

A parafernália toda não era mais que sucata. Isso mesmo, sucata. Não poderia haver qualquer fonte radioativa nos restos do equipamento, como não há em qualquer outro daquele tipo.

Só para esclarecer, o aparelho que causou o acidente em Goiânia era de Radioterapia. Nele, sim, havia uma fonte de Césio 137 altamente ionizante, que não pode ser meramente descartada.

Nesses equipamentos radiológicos convencionais, como o mostrado na matéria, o que temos é uma ampola – onde ficam o anodo e o catodo – que produzem radiação com frequência de onda o suficiente para gerar a imagem radiográfica. O mecanismo só funciona quando é acionado, não existe fonte radioativa.

A falta de conhecimento fica evidente quando aparecem bombeiros nas imagens usando contadores Geiger para medir a radiação do solo. Estão com as melhores intenções, mas não têm ideia do que estão fazendo.

Esse tipo de barrigada não é exclusividade da emissora carioca, a Rede Record também já fez sua parte, assista.

Uma das principais características da insensibilidade que existe no Brasil sobre o uso da radiação ionizante é a falta de conhecimento que os grandes meios de comunicação demonstram quando vão tratar do assunto. Vergonha alheia define a maioria das matérias protagonizadas pelas “autoridades” que a gente vê na televisão.

A gente da assessoria de imprensa fica com peninha da repórter que chega cedo na redação e cai vendida na situação, sem saber o que está a fazer. Assim como os profissionais da Radiologia na saúde pública, na área da comunicação, jornalistas são explorados. Não têm tempo de produzir e estudar bem suas matérias e acabam caindo em cilada.

Diante desse quadro, além de atender as necessidades da população, nossa Classe tem a obrigação de promover e difundir informações e conhecimentos verdadeiros sobre a Radiologia. Com a ajuda das redes sociais, podemos fazer isso.

FONTE: CONTER
http://www.conter.gov.br

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