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CPRJ ganha de presente acervo com mais de 2 mil LPs raros

Foi no Centro Psiquiátrico que surgiu a banda Harmonia Enlouquece, que já tem 12 anos de estrada, reunindo pacientes, profissinais de saúde e voluntários

cprj_vinilO Centro Psquiátrico do Rio de Janeiro (CPRJ), na Gamboa, recebeu um verdadeiro tesouro. Três irmãs quase centenárias, com 101, 98 e 95 anos, preocupadas com o futuro do seu grande acervo com cerca de 2 mil LPs, decidiram doá-lo para a instituição. Dentre as raridades, discos onde Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade recitam suas próprias poesias com direito a autógrafo. Os exemplares mais antigos datam de 1933. A ideia é transformar todo o acervo em CDs e formar uma grande discoteca que ficará à disposição dos pacientes e das oficinas promovidas pelo CPRJ.

Música é no CPRJ – Quem canta os males espanta. Há 12 anos, pacientes, funcionários e voluntários do Centro Psiquiátrico do Rio de Janeiro (CPRJ) criaram o grupo Harmonia Enlouquece. O nascimento da banda – que já tocou em lugares como Buenos Aires, Salvador, São Paulo, Santos, Florianópolis e Belo Horizonte e já esteve até na novela Caminho das Índias, da Tv Globo – foi da ideia de criar um espaço para que os pacientes pudessem ter contato com a música e se expressar. Já passaram pelo grupo mais de 60 integrantes e os benefícios gerados para os pacientes é que o garante a manutenção do projeto, como explica o diretor do CPRJ, Francisco Sayão Lobato Filho.

– Desde o início do Harmonia Enlouquece percebemos que os pacientes respondem com uma maior adesão ao tratamento, ganhando em comunicação com as famílias e reduzindo o número de internações – afirma Francisco.

No ano passado, o Harmonia lançou o seu terceiro álbum: “Mudânica Superativa”.

– Estamos nessa caminhada desde o início, lá em 2001, trabalhando para reduzir a estigmatização dos pacientes. Graças ao Harmonia Enlouquece, o tratamento vem se tornando uma coisa menos dolorosa e mais prazerosa. O grupo dá muita dignidade aos participantes. Minha inspiração para as letras vem dos problemas do país, da minha inquietação diante do mundo. A cultura e a arte ajudam a salvar as pessoas da loucura – filosofou o cantor e compositor Hamilton Assunção, que também é paciente do CPRJ.

Psicólogo e musicoterapeuta, Sidnei Dantas assina a direção musical do disco, além de tocar instrumentos e fazer arranjos. Para ele, mais do que resultado de uma terapia coletiva semanal, o novo trabalho retrata a evolução artística do grupo.

– O disco de estreia, “Harmonia Enlouquece”, era mais voltado para as questões do hospital. No segundo, “Pra distrair a lembrança do irritado”, avançamos para uma inserção maior nos meios culturais. Agora, em “Mudânica Superativa”, conseguimos abordar temas mais universais. Buscamos fazer mais experimentação musical. São quatro horas semanais de ensaios, um trabalho de qualidade com total liberdade de criação. Claro que o grupo faz parte de uma instituição, mas os pacientes estão cada vez mais abrindo caminhos lá fora por meio da música. Ou seja: o objetivo do projeto está sendo alcançado – avaliou Sidnei.

Serviço – Os ensaios do grupo são realizados todas as segundas e sextas-feiras, das 10h às 12h, no Centro Psiquiátrico do Rio de Janeiro e são abertos ao público. O endereço é Praça Coronel Assunção, sem número, na Saúde. O telefone de contato é (21) 2332-5676.

FONTE: Governo do Estado do Rio de Janeiro

http://www.saude.rj.gov.br

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