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Testes rápidos de HIV, sífilis e hepatites serão realizados em aldeias de todo o Brasil

Exames que já são feitos em comunidades do Amazonas e de Roraima vão chegar às áreas indígenas dos demais estados

Um dos maiores desafios que a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde enfrenta é superar barreiras geográficas. E uma importante vitória, nesse aspecto, se consolida nessa semana durante o Treinamento de Multiplicadores para a Implantação de Testes Rápidos em Áreas Indígenas no Brasil. O evento é realizado em Brasília, até a próxima sexta-feira, com a participação de mais de 70 profissionais envolvidos na atenção à saúde indígena, de todas as regiões do País.

Os participantes serão capacitados para realizar testes rápidos de HIV, sífilis e hepatites nas próprias aldeias. Além disso, também serão responsáveis por levar esse conhecimento aos demais profissionais de seus respectivos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs). Por métodos convencionais, antes, os pacientes indígenas precisavam ser removidos para as áreas urbanas para coleta de sangue e posterior análise no laboratório com resultados, em média, em 15 dias . Agora, com o uso dos testes rápidos, poucas gotas de sangue são suficientes para um diagnóstico confiável das três doenças, em menos tempo: 20 a 30 minutos, na própria aldeia é obtido o resultado.

“Esse trabalho é uma prioridade para a saúde Indígena, pois leva o atendimento à saúde em sua integralidade aos povos. Porém, é fundamental lembrar que todo trabalho deve ser realizado respeitando as especificidades de cada cultura”, analisou o secretário especial de Saúde Indígena, Antônio Alves de Souza. “Teremos de enfrentar os resultados obtidos de acordo com a nossa ética, mas compreendo [o modo] como cada etnia entende essas doenças. Todos nós sabemos, por exemplo, da resistência dos indígenas ao uso de preservativos, eficazes na prevenção do HIV, sífilis e da hepatite B”.

Hiojuma Figueiredo de Morais Monteiro, técnica da atenção básica à saúde indígena do Ministério da Saúde e uma das responsáveis pela implementação do projeto, explica as vantagens da utilização dos testes rápidos. “Os testes, que foram todos validados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária e podem ser realizados em condições adversas de calor e umidade, por exemplo, sem perder a eficiência. Fatores como custo, logística e acesso às populações apresentam resultados extremamente eficientes”.

O tratamento nos casos de diagnóstico de sífilis são realizados na própria aldeia e tem início imediatamente após a confirmação da doença. Com o resultado positivo para HIV e hepatites B e C, os pacientes são removidos para centros de referências do Sistema Único de Saúde (SUS), em municípios próximos das aldeias onde vivem.

O COMEÇO NO AMAZONAS E RORAIMA – O Distrito Sanitário Especial Indígena é a unidade central do Subsistema de Atenção à Saúde Índígena (Sasi-SUS). O subsistema é composto por 34 DSEIs, em todo o país. Destes, nove já fazem os testes rápidos de HIV e sífilis e estão capacitados para realizarem os testes das hepatites B e C, que devem começar a serem realizados nos próximos meses. No Amazonas e Roraima, mais de 45 mil indígenas que vivem em aldeias remotas ou em localidades de difícil acesso (aproximadamente 55% da população indígena do Amazonas e Roraima) já fizeram os exames nos seguintes distritos: Alto Solimões (sede em Tabatinga-AM), Alto Rio Negro (sede em São Gabriel da Cachoeira-AM), Manaus (AM), Parintins (AM), Purus (sede em Lábrea-AM), Médio Solimões (sede em Tefé-AM), Vale do Javari (sede em Atalaia do Norte-AM), Leste Roraima e Yanomami (ambos com sede em Boa Vista-RR).

Uma pesquisa inédita no país, baseada no uso de testes rápidos de HIV e sífilis entre indígenas do Amazonas e de Roraima, revelou que a prevalência de sífilis na população indígena avaliada foi de 1,43% – um índice considerado elevado pelos pesquisadores por serem comunidades que estão em áreas de difícil acesso, com algum inter-relacionamento dentro e fora da comunidade. A prevalência de HIV foi de 0,1% na população testada, percentual considerado baixo quando comparado ao índice na população geral do país (0,6%). Em gestantes indígenas, a prevalência de sífilis foi de 1,03% – um pouco mais baixa que as taxas encontradas em gestantes que moram nos grandes centros urbanos (1,6%). Já a prevalência de HIV em indígenas gestantes foi de 0,08%.

Divulgado em maio deste ano, o estudo foi realizado em parceria pelo Ministério da Saúde, Fundação de Dermatologia Tropical e Venereologia Alfredo da Matta (FUAM), Fundação Bill & Melinda Gates e Organização Mundial de Saúde (OMS).

FONTE: Ministério da Saúde
http://www.saude.gov.br/

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